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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Apropriação cultural

Juliana Bertoglia Silva [1]

RESUMO

          O presente artigo trata do Ensino da História da África e das africanidades nas escolas brasileiras, tendo como viés a questão da apropriação cultural como temática principal. Traz a partir dos referenciais da educação e da legislação brasileira uma reflexão sobre o papel do professor frente às novas plataformas de comunicação, juntamente com a popularização das redes sociais. 
Palavras-chave: Educação; apropriação cultural; racismo; redes sociais.

Introdução.
          Nos últimos meses vimos uma onda de debates sobre apropriação cultural nas redes sociais. Casos que chamaram grande atenção dos internautas foram, a menina (branca) com câncer e que estava em um ônibus em São Paulo e que foi hostilizadas por mulheres (negras) por usar um turbante, adereço tido como indicador da cultura afro. Após o incidente, a menina postou uma foto com a hashtag “vai ter todos de turbante sim (post que segundo a Folha de São Paulo já conta com 104 mil curtidas 30 mil compartilhamentos[2]) e, acalorando as discussões, a cantora Anita, estando na Bahia fez tranças no cabelo e postou a foto em uma rede social, também recebendo diversas criticas de seus seguidores[3].
          Mas afinal, o que é apropriação cultural e por que ela esta dando o que falar nas redes sociais? Uma vez que o Brasil, dentro de sua história, é de fato uma miscelânea cultural devido às diversas migrações dos mais diversos grupos advindo de vários países? E talvez, o mais importante, como e porque falar de apropriação cultural nas escolas?
          Ao pensar nessas questões, queremos ter claro nossa função quanto professores, responsáveis pela formação cidadã de nossos alunos, para que eles possam ter condições de combater preconceitos e, porque não, fortalecerem-se quanto sujeitos de maneira critica, criativa e principalmente, fortalecer as relações de respeito, solidariedade tão necessárias nos dias de hoje.
1. Apropriação cultural: o que é?

Nossa sociedade foi formada a partir de três matrizes culturais: os índios, que aqui viviam antes dos colonizadores. Os europeus e sua dita cultura branca (portugueses e espanhóis) e os negros, trazidos como escravos de diversas partes da África.
A história brasileira se dá a partir da interação cultural desses povos, pertencentes à raça humana. Aqui há a necessidade de uma pausa para falarmos do termo raça. Em termos biológicos, não existem raças e sim a raça humana (homo sapiens) e o termo raça é empregado de forma “politica tomado por grupos étnico-raciais de forma a fortalecer seus direitos e favorecer seu processo de inclusão e de acesso aos direitos fundamentais desses grupos” (TOLEDO, 2013 p. 21) procurando assim garantir igualdade de direito a todos e não divisão social.
A nossa história, quanto sociedade, foi marcada pela dizimação de diversos povos indígenas, como também pelo processo de escravidão vivido pelos povos negro trazidos ao Brasil, sendo o nosso país o ultimo a abolir o trabalho escravo, impondo- se assim a cultura europeia e rechaçando as demais culturas.
Heranças desse passado próximo, ainda são visíveis nos dias de hoje, infelizmente ainda temos presentes conceitos e pré-conceitos que geram sofrimento e discriminação.  Na forma como nos comunicamos e nos expressamos. Muitas vezes, mal sabemos que com certas expressões usadas corriqueiramente estamos sendo racistas. À exemplo: “Amanhã é dia de branco!” ao se referir a segunda feira, negros ou indígenas não trabalham as segundas feiras?
Voltemos então a pergunta: Apropriação Cultural- o que é? Como já cometamos, vivemos a supremacia da cultura branca e, por muito tempo a cultura negra foi tida como algo ruim, mal e até mesmo como crime. À exemplo o samba, ritmo nascido da mistura de rimos africanos e que  durante a década de 1920, quem fosse pego em uma roda de samba poderia ser preso, ou ainda se fosse pego fazendo “nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem (decreto 847 de 11 de outubro de 1890[4])...”:  seria acusado de vadiagem. Hoje, o samba e a capoeira são tidos como símbolos da cultura brasileira e patrimônio imaterial da humanidade.
Apropriação cultural, segundo reportagem exibida na folha de São Paulo, “é quando elementos de uma determinada cultura são tomados como seus por outra cultura dominante, ou seja, quando existe uma relação assimétrica de poder[5] . Ou ainda, como defende a filosofa Djamila Ribeiro, entrevistada pela Folha na mesma reportagem citada acima, apropriação cultural é quando elementos de uma determinada cultura passam a ser interessantes ao mercado, são esvaziados de suas essências e assim transformados em produto comerciais.
Outros casos de apropriação cultural apareceram na mídia nos últimos dias, alem dos já citados, houve também a atriz Isabella Santoni que publicou em seu perfil em uma rede social uma foto onde aparece com tranças que representam a cultura negra, ou ainda o caso da cantora Malu Magalhaes e o vídeoclipe da musica “Você não presta” onde os seus seguidores a acusam de hipersexualiazar o corpo negro além de ter dançarinos negros em posição subalternas a ela. Fazendo com que a cantora retirasse o vídeo do ar.
Dentro da nossa sociedade, e dentro, principalmente da profissão de professor, precisamos ter bem claros os pressupostos educacionais que regem o magistério em nosso país, e para tanto entender os contextos que são debatidos dentro das redes sociais, podem ser grandes ferramentas e ponto de inicio para dialogo em sala de aula, promovendo assim o pensamento critico, a auto reflexão e o combate das atitudes e ações que geram desconforto social como é o caso do racismo.

2. A O Ensino sobre a África e africanidades na escola.
Antes de falarmos sobre o papel de discutir e construir conhecimentos a cerca das africaninades bem como a história da África nas salas de aula, é importante percebemos como chegamos a necessidade de se falar sobre esse assunto em nossas escolas. Partimos então do artigo 5º da Constituição de 1988, que garante a todos os cidadãos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, além de:
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;[6]
           
A Constituição, carta magma da nação, é um dos primeiros documentos a tratar da temática do racismo, tratando- o como crime. Após esse documento, foram criados outros para garantir, de fato a todos os brasileiros, os direitos essenciais a vida, educação, saúde e segurança para estes exercerem de forma digna sua liberdade, expressão e cidadania.
Entre outros documentos que podemos citar, temos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LEI Nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996) que no artigo 26 traz em seu texto:
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
§ 4º - O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígenas, africana e europeia.[7]

            O Estatuto da criança e do adolescente em seu artigo 5º diz:

Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. [8]


            Além desses três documentos há ainda as alterações da LDB, que trata da organização do ensino no país, as mudanças ocorridas através das Leis 10.639/2003 que introduz ao texto a obrigatoriedade da Temática História e Cultura Afro-brasileira (inclusão na LDB, no Art. 26, 26_A, além do 79, 79_A e B). Cinco anos depois mais uma alteração no Art.26, agora este passa a apresentar também a palavra “indígena” sendo o texto alterado para História e Cultura Afro-brasileira e Indígena (Lei 11.645/2008), mudanças que garantem o ensino da formação histórica do país bem como sua diversidade cultural. 
            Há ainda os pareceres do Conselho Nacional da Eucação, CNE 003/2004, o Plano Nacional de implementações das diretrizes curriculares para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro- brasileira e africana.
            Tendo em vista todos os documentos que regem a educação brasileira, bem como os pareceres do CNE, os sistemas de ensino, municipais, estaduais e federais vêm se adequando, incluindo em seus currículos da área das ciências humanas (História, Geografia, Português e Arte) o ensino da História da África, bem como suas contribuições a formação da sociedade brasileira e sua cultura , manifestações e bens culturais materiais e não materiais, além de promover  a discussão dos temas relacionados ao racismo e ao preconceito.            


3. Considerações finais.    

          Claro que ainda há um imenso percurso pela frente, visto o grande numero de atitudes preconceituosas e racistas que aparecem nos noticiários e redes sociais todos os dias. Sendo assim necessário, cada vez mais, o engajamento dos professores e das comunidades escolares a cerca do tema.  Analisando, refletindo e discutindo os documentos legais bem como ações para diminuição do racismo e outras formas de impedir o desenvolvimento pleno e sadio de nossas crianças e adolescentes, como o caso do BULLING e outras formas de agressões físicas ou psicológicas.
          Falar sobre as questões de preconceito, racismo e principalmente sobre a formação dos nossos alunos, é lançar sementes de um futuro próximo, mas humano. Onde a diferença é somente um detalhe da humanidade e não uma marca que serve para a segregação e divisão dos povos.
          Como professora, espero conseguir, através dos estudos e das vivencias escolares, contribuir positivamente para a construção desse futuro.
         
REFERÊNCIAS
Brasil, Lei de diretrizes e Bases da Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/ldb.pdf . Acesso em 28/07/2017.
Brasil, Constituição Federal, artigo 5º. Disponível em: http://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_5_.asp . Acesso em 28/07/2017.
Brasil, Lei 10.639/03 disponível em:  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm  .Acesso em 28/07/2017
CARVALHO, Jonas
Por que Malu Magalhaes é racista para muita gente? Disponível em: https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/por-que-este-clipe-de-mallu-magalhaes-e-racista-para-muita-gente/. Acesso em 25/07/2017.
._______________________7 casos de apropriação cultural que mostram a importância do tema. Disponível em: https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/7-casos-de-apropriacao-cultural-que-mostram-importancia-do-tema/. Acesso em 25/07/2017.
CUSTÓDIO, Tulio.
Você é racista, só não sabe disso ainda. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/10/voce-e-racista-so-nao-sabe-disso-ainda.html . Acesso em 25/07/2017
Folha de São Paulo
Anitta muda visual e é acusada de apropriação cultura. Disponível em:http://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2017/02/anitta-muda-visual-e-e-acusada-de-apropriacao-cultural.shtml Acesso em 31/05/2017
MENA, Fernanda.
Acesso em 31/05/2017
MOURA , Marcelo.
Apropriação cultural é racismo? Brancos, como a estudante paranaense que usou um turbante, são criticados por adotar tradições de grupos negros. A crítica ajuda a combater o racismo ou a aprofundá-lo? Disponível em: http://epoca.globo.com/cultura/noticia/2017/03/apropriacao-cultural-e-racismo.html
OLIVEIRA, Tory.
O uso de turbantes por pessoas brancas é apropriação cultural? Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/turbantes-e-apropriacao-cultural Utimo acesso em: 10/05/2017.
PORTILHO, Gabriela
Como surgiu o samba? Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/cultura/como-surgiu-o-samba/ . Acesso em 25/07/2017.
SILVA,  Djenane Vieira dos Santos.
Africanidades na escola e identidade cultural: ações afirmativas. Disponível em:
UOL,
Jovem com câncer é repreendida por usar turbante e desabafa na internet. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/02/1858068-jovem-com-cancer-e-repreendida-por-usar-turbante-e-desabafa-na-internet.shtml  Acesso em 31/05/17





[1] Professor de Arte na Rede Municipal de Santa Isabel-SP.
Artigo apresentado como requisito parcial para aprovação do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Cultura Africana.
[2] http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/02/1858068-jovem-com-cancer-e-repreendida-por-usar-turbante-e-desabafa-na-internet.shtml
[3] http://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2017/02/anitta-muda-visual-e-e-acusada-de-apropriacao-cultural.shtml
[5] http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/02/1861267-polemica-sobre-uso-de-turbante-suscita-debate-sobre-apropriacao-cultural.shtml?cmpid=facefolha

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Aprender e ensinar através da contação de histórias


Juliana Bertoglia Silva [1]

RESUMO

          O presente artigo trata do ato de contar história e seu papel para o desenvolvimento cognitivo e afetivo de crianças em idade escolar, bem como na construção do sujeito. Contar histórias nos ensina valores e nos dá a possibilidade de superar desafios.
          O texto apresenta pesquisa realizada pela ONG Viva e deixe Viver dentro de sua atuação em hospitais infantis, ações promovidas pela Fundação Itaú Social em incentivo a leitura na infância, bem como autores que estudam o contar e cantar histórias como forma de humanização e construção de saberes, valores para o convívio em sociedade e a superação de desafios interno e externos do ser.
Palavras-chave: Contação de Histórias, leitura, infância.

  



INTRODUÇÃO
                                                                                                        “Era uma vez,
Um lugarzinho no meio do nada...”
Toquinho.
                        Como se fossem palavras de um encantamento, o “era uma vez...” tem o poder de nos transportar no tempo e no espaço. Saímos da realidade e nos encontramos com seres fantásticos, lugares magníficos onde tudo pode acontecer. Damos asas à imaginação e nelas viajamos léguas, vivemos as mais diversas aventuras, construímos mundos e construímos a nós mesmos como sujeitos, como diz Bia Bedran:
“A criança que ouve histórias cotidianamente desperta em si a curiosidade e a imaginação criadora e ao mesmo tempo tem a chance de dialogar com a cultura que a cerca e, portanto, de exercer sua cidadania. O encontro do seu imaginário com o mundo dos personagens tão diversificados pertencentes aos contos sejam eles tradicionais ou contemporâneos, é fator de grande enriquecimento psicossocial.” (BEDRAN, 2012 p.25).
As crianças, desde muito pequenas adoram ouvir histórias, geralmente contadas pelas mães, e pedem para que as mães contem de novo e de novo, parecendo não se cansarem de ouvir suas histórias preferidas.
A ONG Viva e deixe viver, realizou em 2012 uma pesquisa onde 59,8% das crianças entrevistadas apontaram as mães como as que mais contavam histórias para elas, seguindo-se de 18,9% pais, 8,2% irmãos, tias, avós e tios aparecendo logo em seguida como mostra a imagem[2].
  
Ainda na mesma pesquisa realizada pela Viva e deixe viver, 92,9% das crianças dizem ouvir histórias contadas por seus professores. A ONG Viva é deixe viver atua em hospitais infantis com contadores de histórias voluntários desde 1997, já atendendo diversas crianças e adolescentes durante esses 19 anos.
Segundo a pesquisa realizada pela Viva[3], os benefícios provocados ao que ouvir histórias são:


Podemos assim, perceber o quanto o simples ato de contar uma história pode mexer com o emocional de quem a ouve. Colocamo-nos no lugar das personagens, transportamo-nos para dentro das histórias e vivemos aventuras que nos ensinam valores, sentimentos, empatia entre tantos outros conhecimentos.
Para uma criança hospitalizada, o momento da contação de história é a oportunidade de esquecer um pouco sua própria condição, e embarcar num navio imaginário onde ela pode tudo o que sua imaginação permitir. Quando a história acaba, ela volta da viagem fortalecida pelas histórias e com mais animo para enfrentar seus próprios desafios.
Dentro do âmbito escolar (e também hospitalar), trabalhar com a contação de historias, ascende as “lamparinas da imaginação” nas crianças, instigando a curiosidade, a reflexão e a vontade de ler e conhecer cada dia mais, e por que não dizer, de criar suas próprias histórias, com seus heróis, monstros, superando assim diversos desafios que vão além aos da leitura e escrita.
O presente artigo tem por finalidade conhecer mais sobre o universo da contação de histórias, procurando articular saberes a fim de levantar hipóteses e ideias a respeito do tema e suas implicações no universo infantil e escolar.  Queremos também trazer a discussão, diferenças entre ler e o contar histórias e quais as repercussões de cada ação na construção de conhecimento tanto de alunos como também de seus professores, assim como também na construção do sujeito.

2. Diferenças entre o ler e o contar histórias.
          Ler uma história para a criança ou para outras pessoas, é manter-se fiel ao texto escrito, as pausas dadas pelas vírgulas e pontos. Essa ação traz para a criança o objeto livro, que deve ser bem explorado desde muito cedo, para que o educando tenha afinidade com esse suporte textual. Outros meios textuais também devem ser trabalhados, como jornais e revistas, livros e cadernos de receita, bulas de remédios e receituários médicos, ampliando assim, as possibilidades de leitura. Para que a criança entenda a função social de cada suporte textual, os gêneros que cada um apresenta, suas diferenças e também semelhanças.  Ler a mesma história em diferentes livros, ou mesmo ler a mesma noticia em diferentes jornais ou revistas, fará com que a criança compare, aprenda a buscar novos meios de informações, e a partir do que foi lido crie sua própria opinião do fato ou história.
          Contar uma historia é empregar nela a sua interpretação, mediada pela memória. Bedran em seu livro “A arte decantar e contar histórias” nos fala de duas possibilidades da narração. A primeira, o contador tradicional narra uma história que pode ser da própria vida, algo que aconteceu no passado, que alguém em algum momento contou e que este reconta, tendo a oralidade sempre presente. Já uma segunda forma de contar histórias seria mediada pelas novas tecnologias, então coleções de CD’s que mesclam a narração das histórias com músicas e outros recursos (animações, atividades, etc.).
            Contar e ouvir histórias como diz Bia Bedran “é uma experiência que se traduz numa interação de sentidos capaz de recuperar os significados que nos tornam mais sensíveis” (Bedran, 2012 p 27). O contador de histórias dá vida às palavras que se fundem ao som de sua voz agregando diversos sentidos. Embalado pela narrativa, quem escuta vai criando universos imaginários e por eles vai ora caminhando, ora correndo dependendo do ritmo empregado a narrativa do contador de histórias.

3. O papel da leitura e do contar histórias para crianças de 0 a 6 anos.
            A Fundação Itaú Social junto a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em 2015 desenvolveram uma campanha denominada “Receite um livro”[4] para incentivar a leitura a partir das consultas pediátricas. Dentro dessa campanha eles elaboraram um livreto contendo informações a cerca da leitura na primeira infância (0 a 6 anos). O documento apresenta informações sobre o desenvolvimento da criança e a importância de estimula-la desde cedo, para que “ela possa desenvolver de forma plena habilidades como pensar, falar, aprender e conviver” p10, sendo esse o período de grande crescimento do ponto de vista das capacidades sensoriais, da linguagem e das funções cognitivas superiores.
            Ainda na barriga da mãe, a audição do bebê é um dos primeiros sentidos que este desenvolve. Ele já é capaz de perceber os sons que estão ao entorno da mãe. E Segundo Evelio Cabrejo Parra,
 “O bebê, ao nascer, já vem com a capacidade de escutar. Quando se lê para ele em voz alta ou se canta uma canção de ninar, ele se põe em posição de escuta. Isso quer dizer que está tratando de construir significado à sua maneira. Por isso, é necessário alimentar essas potencialidades desde o princípio da vida” (PARRA, apud Sociedade Brasileira de Pediatria: Receite um Livro 2015 p 15).

Dentro das diversas funções da leitura, principalmente a leitura para bebês, podemos citar a aquisição e ampliação do vocabulário, da capacidade linguística da criança, cria vínculos, fortalecendo a relação de afeto entre a criança e aquele que lê para ela. Oportuniza o fortalecimento psicoemocional e social da criança, dando a ela segurança para construir sua autonomia e as relações sociais e interpessoais.
A leitura dentro do contexto de segurança e afeto, permite a criança o seu desenvolvimento cognitivo, possibilitando a ela vivenciar junto ao leitor um momento prazeroso. Assim a criança vai percebendo a leitura como algo que dá prazer e passa a se interessar cada vez mais por essa atividade. Tornando a leitura um habito e não uma obrigação.
            Como já dissemos anteriormente, ler é ser fiel ao que esta escrito, sendo assim, a leitura pode vir a ser base da contação de histórias, uma vez que as histórias a serem contadas podem vir da tradição oral, quando essa história é contada e recontada diversas vezes e vai sendo transmitida oralmente de geração em geração. Ou ela pode ser lida varias vezes e internalizada a ponto de ser recontada oralmente, emprestando ao texto a voz e corpo do contador de histórias. Ao internalizar as histórias, o contador pode além de sua interpretação, criar adereços e usar musicas ou outros artifícios que criem um clima, uma ambientação para a história a ser contada, ampliando assim as experiências vivenciadas por seus ouvintes.

4.  Construindo Historias coletivas
          Uma das possibilidades para a contação de histórias é a construção de histórias coletivamente. Onde a experiência extrapola o ouvir, faz com que os ouvintes participem ativamente da história, dando sugestões, resolvendo conflitos ou criando- os, interpretando as personagens que vão surgindo no desenrolar da história.
          Para a realização da história coletiva podemos nos valer de jogos, como o RPG (Rolling player game) ou outros que podem ser criados por professores ou contadores de historias.
          A ONG Viva desenvolveu o Jogo Eu Conto, que consiste em um baralho dividido em cartas contendo profissões, lugares, ações, onde os participantes vão retirando as cartas e construindo suas histórias a partir delas.  Esse é um jogo de fácil construção pelo professor que pode recortar figuras em revistas, e ir criando seu baralho para seu uso em sala de aula.  Caso o professor queira há a possiblidade de comprar o jogo na loja virtual da Viva. (pelo site: http://www.vivaedeixeviver.org.br/loja)
          No RPG o Contador de histórias ou o professor assume a função de Mestre, que é a pessoa que conduz a história e vai propondo os desafios, os jogadores (alunos ou ouvintes) viram os heróis  construindo as histórias desses personagens e solucionando os desafios impostos pelo Mestre. Um jogo que exige de todos os participantes, imaginação, interação, muita leitura e interpretação.  Como jogadora de RPG, acredito que esse seja um jogo transdisciplinar, ou seja, para sua realização há necessidade de movimentar diversos saberes e conhecimentos, desde saberes matemáticos e lógicos, como geográficos, históricos, químicos e físicos e muitos outros. Jogar RPG desenvolve capacidades de leitura e escrita, de interpretação, a corporalidade entre outros. Infelizmente há ainda muito preconceito a cerca desse jogo e muito desconhecimento por parte das escolas, professores, pais e sociedade como um todo.
         
CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Contar história é acender uma fogueira em seu coração para que a sabedoria e a imaginação possam transformar sua vida” (MELLON apud BEDRAN, 2010 p 15)

          Ao contar histórias nos reconectamos com forças há muito tempo esquecidas, sabedorias e esperanças desaparecidas ou que foram obscurecidas pelo passar do tempo, como diz Nancy Mellon (Apud Bedran, 2012).
          
REFERÊNCIAS
ABE, Stephanie Kim. Porque contar histórias para seu filho, Educar para crescer. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/contar-historias-846940.shtml Ultimo acesso em 04 de abril de 2017.
BEDRAN. Bia. A arte de Cantar e contar histórias: narrativas orais e processos criativos/ Bia Bedran. RJ: Nova Fronteira, 2012.
BEDRAN. Bia. Ancestralidade e contemporaneidade das narrativas orais:
A arte de cantar e contar histórias Disponível em: http://www.artes.uff.br/dissertacoes/2010_bia_bedran.pdf acesso em 31/05/2015
MACHADO, Ana Maria. Contando Histórias, formando leitores/ Ana Maria Machado, Ruth Rocha. – Campinas, SP: Papiros 7 Mares, 2011 (Coleção Papiros debates).
MELLON, Nancy. A Arte de Contar Histórias/ Nancy Mellon; tradução de Amanda Orlando e Aulyde Soares Rodrigues. RJ: Rocco, 2006.
MORAES, Fabiano.Contar Histórias: a arte de brincar com as palavras/ Fabiano Moraes. Petrópolis RJ: Vozes, 2012.
 PINTO, Fernanda Chequer de A. A importância de contar histórias. Disponível em: http://www.projetoamplitude.org/com-a-palavra-amplitude/a-importancia-de-contar-historias/ Ultimo acesso em 04 de abril de 2017.
SLEMENSON, Maria e Marion Frank. Como fazer um bebe gostar de ler? 2013. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/gostar-ler-bebes-737294.shtml Ultimo acesso em 04 de abril de 2017.
TAKADA, Paula. Leitura Não é luxo é a base para a construção de si, Nova Escola. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/928/teresa-colomer-literatura-nao-e-luxo-e-a-base-para-a-construcao-de-si-mesmo?utm_source=tag_novaescola&utm_medium=facebook&utm_campaign=mat%C3%A9ria&utm_content=link Ultimo acesso em 04 de abril de 2017
VIVA, Associação Viva e Deixe Viver Jogo Eu Conto – Incentivo à leitura (Setembro 2012).  Disponível em: http://www.vivaedeixeviver.org.br/images/stories/download/pesquisas/Apresentacao-Viva-e-Deixe-Viver_Completa_Final.pdf Acesso em 20 de abril de 2017.



[1] Professora de Artes na Rede Municipal de Santa Isabel- SP
Artigo apresentado como requisito parcial para aprovação do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Formação de contadores de Histórias
[2] http://www.vivaedeixeviver.org.br/images/stories/download/pesquisas/Apresentacao-Viva-e-Deixe-Viver_Completa_Final.pdf
[3] http://www.vivaedeixeviver.org.br/images/stories/download/pesquisas/Apresentacao-Viva-e-Deixe-Viver_Completa_Final.pdf
[4] Publicação disponível em: https://fundacao-itau-social-producao.s3.amazonaws.com/files/s3fs-public/biblioteca/documentos/campanha_prescreva_um_livro.pdf?P0lNtGzZEEfiZ9N1StWWqFweNpvhfovu

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Um pouquinho das nossas aulas^^
"Bruxa, Bruxa, venha a minha festa?"
 Nossa ultima aula: Sarau realizado pelas alunas e alunos da Pós Graduação em Formação de Contadores de Histórias FCE
 Um pouquinho dos bastidores^^
 Nosso Convite^^

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Histórias de Sombras

HISTÓRIAS DE SOMBRAS
Educação de Jovens e Adultos
Professora Juliana Bertoglia Silva





  
 maio de 2016.
Dados do projeto
Título: Histórias de Sombras.
Unidade Escolar: EMEF 
Período de execução: Fevereiro à maio de 2016
Tema: A Arte na Educação de Jovens e Adultos.
Quantidade de alunos envolvidos no projeto: Alunos das salas da 3º, 4º/5º anos da EJA (30 alunos).
Colaboradores Parceiros do trabalho: 

____________________________
Professora Juliana Bertoglia Silva


____________________________
Diretora da Unidade Escolar




HISTÓRIAS DE SOMBRAS
Educação de Jovens e Adultos
Professora Juliana Bertoglia Silva



Histórias de Sombras
Professora Juliana Bertoglia Silva
Introdução
A origem do projeto se deu logo nas primeiras aulas deste semestre. Quando solicitei aos alunos desenhassem árvores. O objetivo era discutir a estilização do desenho e os conceitos de figurativo e abstrato assim como os conceitos de bi e tridimensional.
Durante a análise das atividades e da conversa com os alunos, percebemos que nos desenhos não haviam sombras nas árvores. Essa observação gerou uma necessidade de investigação mais aprofundada a respeito do conceito “Sombra”.
Para mediar essa investigação tive de pesquisar um pouco mais sobre o assunto e encontrei, em uma rede social, uma atividade que me chamou a atenção e que era adequada ao que estávamos explorando: modelagem em papel alumínio. Dessa forma trabalhamos o bi e o tridimensional, como também projetamos sombras, desenhamos e passamos a percebê-la como uma possibilidade de matéria para a construção poética. Assim comecei a falar com os alunos sobre arte feita de sombras, apresentando artistas plásticos que tem em suas poéticas trabalhos com sombras e nos dedicamos a produzir pequenas histórias de teatro de sombras, onde os alunos criaram personagens e cenários para as suas narrativas.

Publico Alvo: 3º, 4º/5º anos da Educação de Jovens e Adultos (30 alunos)
Justificativa:  A EMEF  é uma escola central que atende ao ensino fundamental I e a Educação de Jovens e Adultos no período noturno. Muitos desses alunos vivem na zona rural da cidade e trabalham em plantações, ou são pedreiros, costureiras, faxineiras, cabelereiras ou simplesmente do lar.
Esses alunos por não terem um contato maior com as linguagens artísticas não consideravam sua importância em suas formações e assim acreditavam que a aula de artes era uma perda de tempo. Dessa maneira, trabalhar com projeto vem da necessidade de que os alunos da EJA conheçam um pouco mais sobre a Arte e da sua importância em nossas vidas, ampliando dessa forma o repertório artístico e cultural dos nossos estudantes.
Objetivos: Explorar a luz e a sombras como materialidade da arte dentro das linguagens artísticas (teatro, dança e artes visuais). Conhecer conceitos básicos das linguagens abordadas, artistas que usam a sombra como material de suas produções artísticas, como também a ampliação do repertório imagético dos alunos, a construção de poéticas pessoais através de experiências artísticas promovendo o gosto pelo fazer artístico dos alunos da Educação de Jovens e Adultos.
Metodologia: Os alunos farão experimentos que envolvam luz e sombras, criando e experimentando as técnicas de modelagem em papel alumínio, teatro de sombras e a criação de máscaras para sombras coloridas. Farão a apreciação de obras de artistas que trabalham com luz e sombras em suas obras, como também irão criar dentro dos conteúdos trabalhados.
Avaliação e registro: O registro se dará por meio de filmagem e fotografia das atividades realizadas pelos alunos, bem como registro escrito das impressões de cada aluno e da professora durante a realização das atividades.
A avaliação se dará de forma contínua, tendo como critérios avaliativos a participação dos alunos nas atividades, engajamento junto ao grupo para a realização das propostas, assiduidade, organização, criatividade e adequação a proposta apresentada. Será proposta também aos alunos uma auto avaliação, onde estes poderão expressar suas ideias quanto às aprendizagens alcançadas.
Produto final: Vídeo contendo as gravações das histórias e as fotos das atividades que será exposto aos alunos e demais membros da comunidade escolar ao final do projeto. Será dada uma copia do CD para cada aluno.
  
Desenvolvimento das atividades
Aula 1
Duração:
4 aulas
Tema:
Árvores
Recursos necessários
Papel sulfite, lápis de cor, giz de cera, lápis preto, borracha, imagens de arvores impressas ou recortes de revistas, reproduções de obras de arte com o mesmo tema.
Objetivos da aula:
Representação figurativa, análise dos desenhos, utilização do espaço da folha, conhecer obras e outras formas de representação.
Atividade:
Desenhar árvores, leitura de imagens, reflexão sobre o que foi produzido.
Conteúdos:
Figurativo e abstrato, bidimensional e tridimensional, leitura de imagens, cores, linhas, planos da imagem, luz e sombras, estereótipos do desenho.
Observações:
Os alunos, durante essa aula, expressaram as dificuldades que sentem quanto ao desenhar, porém realizaram a atividade de forma satisfatória para a investigação proposta. Após o desenho colocamos todos os trabalhos na parede para apreciarmos os desenhos de todos e assim observarmos quais diferenças e semelhanças encontramos entre os desenhos, aproveitei para mostrar as obras que retratavam arvores para os alunos, ressaltando que cada artista tem a sua maneira de se expressar, que não existe uma forma certa ou errada de desenhar, que cada pessoa desenha dentro de suas capacidades, mas que isso não torna seu desenho inferior ou superior ao desenho de outras pessoas, que é necessário não ter medo de ousar e criar algo novo.
Aula 2
Duração:
4 aulas
Tema:
Criando sombras
Recursos necessários
Equipamento multimídia, slides contendo imagens de obras que trabalhem com a luz e sombras, papel alumínio, cartolina, lápis preto, fita adesiva, câmera fotográfica, lanternas.
Objetivos da aula:
Apreciar de obras de arte que tratem da temática estudada, ampliar o repertorio imagético dos alunos, criar objeto tridimensional, estudar as sombras possíveis desse objeto.  Trabalhar em grupo.
Atividade:
Modelar um boneco em papel alumínio e, iluminando-o com uma lanterna, projetar sombras, registrando-as através do desenho sobre a cartolina com lápis preto.
Conteúdos:
Sombra e luz, leitura de imagens, bidimensional e tridimensional.
Observações:
Essa atividade foi bastante interessante e os alunos se mostraram motivados a realiza-la. Tiveram dificuldade em modelar o boneco, então mostrei como tinha feito o meu e assim eles conseguiram fazer o deles. Alguns alunos até criaram adereços diferentes ao boneco. Gostamos muito dos resultados.
Aula 3
Duração:
6 aulas
Tema:
Teatro de sombras
Recursos necessários
Equipamento multimídia, vídeos sobre teatro de sombras, papel cartão, palitos de churrasco ou sorvete, fita adesiva, caixa de papelão, TNT, lápis, borracha, tesoura, réguas, lanternas, máquina fotográfica.
Objetivos da aula:
Criar figuras, personagens e cenários para a encenação de historia com sombras. Encenar a historia, gravando as apresentações. Análise e reflexão das atividades através da apreciação dos vídeos.
Atividade:
Os alunos deverão escolher uma história que saibam de cor, criar personagens em papel cartão para encenar a história, além de cenários onde a história contada acontece.
Conteúdos:
 Teatro de sobras: lenda de Wu Ti (a lenda narra como surgiu o teatro de sombras na China), luz e sombras. Criação de personagens em papel, reconto utilizando os objetos confeccionadas. Trabalho em grupo, respeito a apresentação dos grupos.
Observações:
Essa foi uma das maiores aulas do projeto, devido a dificuldade que os alunos encontraram em escolher a história que iriam encenar, como fazer os personagens e quem iria narrar a história. Depois dessa fase e da produção dos objetos, gravamos as histórias e, percebemos que a luz de uma lanterna não era suficiente para a atividade, então decidimos usar o “Datashow” para regravar as histórias, claro que essa observação só foi feita quando assistimos aos vídeos que gravamos.
Pedi que os alunos dessem suas opiniões sobre a atividade e, o aluno Elenaldo sugeriu que encenássemos uma história onde eles fossem os atores. Gostei muito da ideia e vamos estuda-la para alguma atividade ou projeto futuro.


Aula 4
Duração:
2 aulas
Tema:
A história do teatro
Recursos necessários
Aparelho multimídia para a exibição de slides, texto teatral. Usaremos o pátio para atividades praticas.
Objetivos da aula:
Conhecer a história do Teatro, estrutura do texto teatral, realizar leitura dramática e sensibilização do corpo para o fazer teatral.
Atividade:
Após trabalhar a parte conceitual da aula, os alunos farão a leitura de parte do texto teatral “O Rico Avarento” de Ariano Suassuna. Observando a estrutura do texto, as marcas de fala e dos acontecimentos da história. Dada a leitura, todos os alunos participaram de alguns jogos teatrais.
Conteúdos:
A história do teatro, estruturação do texto teatral, leitura dramática e jogos teatrais.
Observações:
Começamos as duas primeiras aulas, falando um pouco sobre a história do Teatro grego, e como ela se dividia (Tragédia e Comedia), sobre os assuntos que elas tratavam e quais eram os objetivos das encenações, e que quando Roma conquistou a Grécia, as peças teatrais deixaram de falar dos mitos e heróis gregos para falar sobre as conquistas dos romanos em suas guerras.
Depois perguntei aos alunos como eles imaginavam que seria a escrita de uma peça teatral, mostrei a eles parte do texto de Ariano Suassuna, pedi para que dois alunos se voluntariassem a ler a parte da história, porém estavam tímidos, pois ler ainda é um desafio para eles, então pedi para que um aluno que sei estar um pouco além na leitura que me acompanhasse. Eles ficaram ansiosos em saber como acaba a história. Paramos em um ponto estratégico da leitura e pedi que todos os alunos fossem para o pátio, onde fizemos jogos teatrais. Eles tinham que imaginar a situação que eu falava e interpreta-la, por exemplo: andar na beira do mar, numa corda bamba, carregar uma caixa muito pesada ou pegar algo no alto. Eles demonstraram gostar muito da atividade, principalmente se imaginar andar em uma corda bamba.




Aula 5
Duração:
4 aulas
Tema:
Sombras coloridas
Recursos necessários
Equipamento multimídia, vídeo, Papel cartão, plástico celofane em varias cores, fita adesiva, tesoura, lápis, borracha, lanternas.
Objetivos da aula:
Estudar as possibilidades de criar sombras usando cores.
Atividade:
Assistir a reportagem da TV Cultura e Grupo Caldeirão - O Teatro de Sombras de Ofélia - Vitrine/TV Cultura, Criar máscaras para explorar a construção de sombras coloridas.  Regravar as histórias de sombras.
Conteúdos:
Estudo de luz e sobras, criar a partir do exposto e refletir sobre a atividade e suas contribuições para as historias encenadas.
Observações:
Essa atividade tem por finalidade aprofundar o estudo de sombras explorando as possibilidades de criação a partir da introdução de material diferente daquele que estávamos estudando.
Alguns alunos tiveram dificuldade em entender a comanda, mas isso foi motivo de mais um aprendizado: positivo e negativo. Algumas máscaras podiam ser construídas com suas formas originais, porem outras era necessário usar o lado negativo do desenho que seria descartado do papel, como o caso de um cachorro de o Aluno Osvaldo fez. Não seria possível tirar nada da parte interna do desenho do cachorro, então a maneira encontrada foi usar a forma que sobrou no cartão e cobri-la com o papel celofane para criarmos a sombra de um cachorro.




Aula 5
Duração:
2 aulas
Tema:
Avaliação
Recursos necessários
Folha de auto avaliação (fotocópia), lápis, borracha.
Objetivos da aula:
Auto avaliação dos conteúdos aprendidos durante as aulas
Atividade:
Responder algumas questões quanto a sua aprendizagem, desenvolvimento das atividades e organização dos materiais e sobre o que foi aprendido e o que mais gostou de aprender.
Conteúdos:
Auto avaliação
Observações:
Pedi aos alunos que analisassem a nossa trajetória durante a realização do projeto e respondessem ao questionário, além de resumir os conhecimentos adquiridos e também uma opinião pessoal a respeito do projeto: Quais os pontos foram mais ou menos interessantes até o momento.



Considerações finais
Trabalhar com a Educação de Jovens e adultos tem mostrando-se um grande desafio, pois se eles não gostam das atividades propostas, começam a faltar. Mesmo que conversemos e mostremos a eles a importância da Arte para a vida escolar e as contribuições que pode trazer para a vida, eles demonstram resistência, principalmente os alunos recém-matriculados. Descobrir o que dá e o que não certo não é tarefa fácil.
Os alunos que já estão comigo há algum tempo, em sua grande maioria, tem participado ativamente das aulas, faltando apenas quando tem algum compromisso com o trabalho ou quando estão doentes, sempre procurando justificar suas ausências. Existem ocasiões que as aulas são tão prazerosas e dinâmicas que perde-se a noção do tempo, e ele passa muito rápido. Alunos chegam a dizer que as aulas de terça-feira deveriam ser aulas exclusivas da matéria de Arte.
As professoras estão sempre motivando os alunos a não faltarem durante as aulas, ressaltando a importância do conteúdo para a formação dos mesmos. A participação ativa da gestão escolar também contribui para a maior participação durante as aulas, não só as de arte, como também as demais.
Para incentivar as parcerias entre os alunos e o trabalhar em grupo, procuro sempre realizar as aulas de Arte na biblioteca da escola, pois isso facilita também o acesso ao anfiteatro que fica ao lado. Para as atividades que requerem movimento, usamos o refeitório.
Trabalhar com projetos torna o desenvolvimento das aulas mais interessantes aos alunos, pois percebem um desencadeamento das ideias e podem refletir sobre o que estão aprendendo com mais clareza. Claro que durante a realização do projeto apareceram algumas atividades que faziam parte de projetos paralelos e que estavam em consonância ao trabalho desenvolvido pelas professoras alfabetizadoras, como atividades referentes ao Dia do Índio e o Dia das Mães. Procuramos sempre trabalhar em conjunto, e assim nessas datas foram propostas atividades que tratassem dos temas, esclarecendo aos alunos que a atividade fazia parte da grade curricular da escola e que para isso teríamos de deixar nosso projeto de sombras em “stand by” durante aquela terça.
Referencial bibliográfico

Teatro de sombras para pequenos e grandes. Disponível em: https://educacaoeparticipacao.org.br/oficinas/teatro-de-sombras-para-pequenos-e-grandes/ ultimo acesso em: 24/05/2016.
Teatro ensina a viver- Nova Escola, disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/teatro-ensina-viver-424918.shtml ultimo acesso em: 24/05/2016.
Artista que utiliza luz e sombras para criar incríveis desenhos na parede. Disponível em: http://www.hypeness.com.br/2013/09/artista-utiliza-luzes-e-sombras-para-criar-incriveis-desenhos-na-parede/ Ultimo acesso em: 30/05/2016
Arte com papel alumínio, disponível em: http://blogs.estadao.com.br/estadinho/2010/09/10/arte-com-papel-aluminio/ ultimo acesso em: 30/05/2016
Figurative Sculpture: http://doodles-and-noodles.blogspot.com.br/2012/10/figurative-sculpture.html ultimo acesso em : 30/05/2016
Vídeos
Danças de sombras, Grupo Pilobolus, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SA3YLSdvdnM ultimo acesso em 24/05/2016.

Reportagem da TV Cultura, Grupo Calderão. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SAaQqFIokmE  ultimo acesso em 24/05/2016.