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domingo, 16 de novembro de 2014
coisas legais^^
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domingo, 2 de novembro de 2014
Projeto Portinari
Dados do projeto
Título:
Projeto Portinari.
Unidade Escolar:
Período de execução: Fevereiro
de à julho de 2014
Tema:
A Arte na Educação de Jovens e Adultos.
Quantidade de alunos envolvidos no
projeto: Alunos das salas da 3ª e 4ª série da EJA (40 alunos)
Colaboradores Parceiros do
trabalho: Professora
____________________________
Professora
Juliana Bertoglia Silva
____________________________
Diretora
Projeto Portinari
Professora
Juliana Bertoglia Silva
Publico
Alvo: 3ª e 4ª séries da Educação de Jovens e
Adultos (40 alunos)
Justificativa:
A EMEF ... é uma escola central que atende ao ensino
fundamental I e a Educação de Jovens e Adultos no período noturno. Muitos
desses alunos vivem na zona rural da cidade e trabalham em plantações, ou são
pedreiros, costureiras, faxineiras, cabelereiras ou simplesmente do lar.
Esses
alunos por não terem um contato maior com as linguagens artísticas não
consideravam sua importância em suas formações e assim acreditavam que a aula
de artes era uma perda de tempo. Sendo assim, trabalhar com projeto vem da
necessidade que os alunos da EJA conheçam um pouco mais sobre a Arte e da sua
importância em nossas vidas. Tomando como fio condutor da construção desse
conhecimento a vida e a obra do artista Candido Portinari, ampliando assim o
repertório imagético dos nossos alunos, trabalhando também conceitos artísticos
e a poética pessoal de cada um.
Objetivos: Conhecer
a vida e a obra do artista, conhecer conceitos básicos das artes visuais,
ampliação do repertório imagético dos alunos, a construção de poéticas pessoais
através de experiências artísticas e promover o gosto pela arte nos alunos da
Educação de Jovens e Adultos.
Metodologia: os
alunos conhecerão a vida e a obra do artista através de apresentações
multimídias, fotografias, visitas a site, pesquisas feitas em livros e revistas,
repertoriando assim a ação criativa de cada aluno. Depois será proposto aos
alunos que criem a partir dos conceitos estudados, leitura e releitura de
obras, criação a partir de textos poéticos e musicas que falem dos mesmos temas
tratados pelo artista.
Aula
1:
Tema: a
vida de Candido Portinari
Recursos
necessários: aparelho Multimídia, cadernos de
desenhos, lápis, lápis de cor, canetas hidrográficas, borracha, fotos impressas
de obras do artista.
Objetivo
da aula: conhecer um pouco da vida e da obra do artista
Atividade: leitura
e releitura de obra
Duração: 2
aulas
Avaliação: participação
dos alunos durante a aula, realização das atividades, adequação a proposta
solicitada.
Aula
2:
Tema: Candido
Portinari e seus poemas
Recursos
necessários: cópias dos poemas escritos pelo
artista, fotos impressas de suas obras, lápis, borracha, material de pintura
(tinta guache, pinceis, panos de limpeza, potes para agua), papel canson A3.
Objetivo
da aula: conhecer outras propostas poéticas do artista,
relacionando-as a suas obras e a partir delas, os alunos deverão criar suas
próprias obras.
Atividade: jogo
da memoria (relacionar obras do artista com os poemas que ele escreveu), criar
uma composição visual, utilizando a técnica da pintura em papel, com o mesmo
tema das obras apresentadas.
Duração: 2
aulas
Avaliação: participação
dos alunos durante a aula, realização das atividades, adequação a proposta
solicitada.
Aula
3:
Tema: criação
a partir dos poemas do artista
Recursos
necessários: massinha de modelar, cópias de
poemas escritos pelo artista, cópias impressas das obras.
Objetivo
da aula: trabalhar a releitura de obra através da
construção e um modelo tridimensional, trabalhar os conteúdos relacionados a bi
e tridimensionalidade.
Atividade: leitura
dos poemas e das obras a eles relacionados, releitura usando a técnica da
modelagem em massinha. Após o termino desta atividade será solicitado aos
alunos que façam um pequeno registro escrito de suas impressões da atividade
realizada, esse registro comporá o portfolio de cada aluno.
Duração: 2
aulas
Avaliação: participação
dos alunos durante a aula, realização das atividades, adequação a proposta
solicitada.
Aula
4:
Tema: Releitura
de obra
Recursos
necessários: papel canson A4, lápis de cor,
canetas hidrográficas, recortes de revista, lápis preto, borracha, fita adesiva
preta, cópias de obras impressas.
Objetivo
da aula: Criação utilizando recortes de revista e
desenhos para releitura de obra.
Atividade: baseando-
se em uma das obras de Candido Portinari, recortes figuras de revistas e
desenho, componha sua releitura de imagem.
Duração: 2
aulas
Avaliação: participação
dos alunos durante a aula, realização das atividades, adequação a proposta
solicitada.
Aula
5:
Tema: o
artista e as brincadeiras de criança
Recursos
necessários: cópias impressas de obras do
artista, papel para registro da leitura de imagem, lápis, borracha, argila,
bandejinha de isopor, panos de limpeza e potes para agua.
Objetivo
da aula: Trabalhar a temática tratada pelo artista,
leitura da obra, relacionado o que se vê, sente e pensa sobre a obra, releitura
tridimensional e exploração de material.
Atividade: Relacione
quais brincadeiras existentes na obra (atividade escrita), leitura de imagem,
releitura usando argila.
Duração: 2
aulas
Avaliação: participação
dos alunos durante a aula, realização das atividades, adequação a proposta
solicitada.
Aula
6
Tema: interferência
na obra do artista
Recursos
necessários: papel canson A4, lápis de cor,
canetas hidrográficas, copias reprográficas dos personagens criados pelo
artista, cola, tesoura, fita adesiva preta.
Objetivo
da aula: trabalhar a interferência na obra do artista e
registro pessoal.
Atividade: usando
recortes de personagens criados pelo artista, criar uma nova imagem. Fazer o
registro das impressões das aulas, se possível utilizando a linguagem do poema.
Duração: 2
aulas
Avaliação: participação
dos alunos durante a aula, realização das atividades, adequação a proposta
solicitada.
Aula
7:
Tema: o
artista e as diferenças sociais.
Recursos
necessários: material de pintura, canson
A3, lápis, borracha, cópias impressas das obras ‘Os retirantes’, ‘o
mestiço’, ‘Futebol’ e ‘Café’, musicas que tratem dos temas que o artista
pintou.
Objetivo
da aula: Conhecer mais sobre a diversidade da obra de
Portinari e como ele retratou as diferenças sociais, fazer a leitura das obras,
relacionar essas obras a musicas com mesmo tema, criação de obra falando sobre
como os alunos percebem as desigualdades sociais.
Atividade: Leitura
de imagem, audição de musicas, conversa sobre como cada linguagem retrata os
temas trabalhados pelo artista, composição visual, usando a técnica do desenho,
de como os alunos retratariam as diferenças sociais da vida atual.
Duração: 2
aulas
Avaliação: participação
dos alunos durante a aula, realização das atividades, adequação a proposta
solicitada.
Aula
8:
Tema: finalização
do projeto, conhecendo mais sobre a vida e a obra do artista,
montagem da exposição.
Recursos
necessários: sala de informática, fita adesiva
(fita crepe), fotos e atividades realizadas.
Objetivo
da aula: proporcionar aos alunos a possibilidade de
conhecer outras obras do artista, visitando sites e pesquisando um pouco mais
sobre sua vida. Montagem da exposição e finalização do projeto.
Duração: 2
aulas
Avaliação: participação
dos alunos durante a aula, realização das atividades, adequação a proposta
solicitada.
Recursos: Datashow,
cópias impressas das obras e da vida do artista, computador para pesquisa dos
alunos, recortes de revistas e jornais (se possível), aparelho de som, papel
canson A3, canetas hidrográficas, lápis de cor, guache, pinceis, fita adesiva
colorida (preta), fita adesiva (fita crepe), pratos de papelão, bandejinhas de
isopor (embalagens para frios), panos de limpeza, potes para lavar pinceis
(manteiga, margarina ou requeijão), cópias reprográficas contendo informações
sobre a vida do artista, massinha de modelar, argila, maquina fotográfica para
registro do processo.
Produto
final: Exposição contendo as atividades
realizadas pelos alunos, seus registros de criação, fotografias das aluas. A
montagem da exposição será feita pelos próprios alunos ao final do projeto. A
exposição será aberta a comunidade escolar, alunos, pais, familiares,
professores e demais funcionários da escola, visita a Pinacoteca do Estado de
São Paulo, possibilitando aos alunos conhecerem as obras de perto, além de
conhecerem o espaço expositivo do Museu.
Avaliação
e registro: a avaliação acontecerá durante todo o
projeto, o registro será feito através de fotos, observações feitas durante as
aulas, no diário de bordo, envolvimento
e interesse dos alunos dos alunos, atendimento a comanda na realização
das atividades e processo de criação a partir do que foi proposto.
Bibliografia:
-
Revista Carta Fundamental, dezembro de 2013, edição 54. ED. Confiança (pag. 26
a 29)
-
Material do Educativo da Pinacoteca do Estado de São Paulo
-
Arte brasileira que faz a diferença, vida e obra dos maiores pintores
brasileiros. Ed CEDIC
-
Coleção Aprendendo com Arte. Ed. Cia e Companhia.
Site:
Considerações finais
Trabalhar
com projetos é sonhar, prever situações de aprendizagens e possibilidades
diferentes para aproximar nossos alunos de um determinado tema ou assunto. E,
as vezes o que planejamos, não sai exatamente como esperávamos.
Ao
pensar esse projeto, levei em considerações algumas angustias que tenho em
relação a Educação de Jovens e Adultos em .... A falta de um parâmetro
curricular de Arte para as fases de alfabetização, que é onde se encontram meus
alunos, a ideia que eles fazem da escola, ao dizerem que estão ali para
aprender a ler e escrever, e fazer contas e, principalmente a falta de recursos
para o desenvolvimento do trabalho com esses alunos.
Na
sua grande maioria, os alunos são provenientes da zona rural e de baixa renda,
sendo assim, muito difícil para eles a compra de materiais específicos para as
aulas de arte. Os recursos para as aulas são escassos, muitas vezes levo de meu
material para que possamos trabalhar, as vezes converso com eles para que
realizam uma ‘vaquinha’ para a compra de determinado material, ou reutilizamos
coisas do dia a dia.
Trabalhando
com os alunos da EJA, percebi que eles gostam de fazer coisas, aulas
expositivas são cansativas e monótonas. Levando em consideração a lida do dia a
dia de meus alunos, procurei articular as aulas de modo a fazê-los conhecer a
história do artista e suas obras, mas também possibilitando o fazer artístico a
partir do que discutíamos. Houve aceitação por parte da turma na proposta
apresentada, eles participaram das atividades, trocando ideias entre si,
compartilhando saberes, me ensinaram bastante, apresentando suas leituras das
obras que viam, aproximando- as das historias pessoais. E assim eles conheceram
um pouco mais sobre o artista e também me fizeram conhecer um pouco mais sobre
cada um.
“Os cientistas dizem
que somos feitos de átomos, mas um passarinho me diz que somos feitos de
histórias.” Eduardo Galeano.
E
como nem sempre é o que esperamos, algumas coisas se tornaram inviáveis no
projeto. A nossa ida a Pinacoteca do Estado foi uma delas, mesmo já tendo
agendado o dia com o educativo do museu, conversado com os alunos para ver quem
gostaria de ir, chegando poucos dias antes nos foi informado que não seria
possível a nossa ida, pois a secretaria dispunha do ônibus, mas não do
motorista para levar nossos alunos no sábado para a Pinacoteca. A aula prevista
para acontecer na sala de informática também não ocorreu pela falta de Internet
na mesma, e infelizmente alunos que tinha o sonho de aprender a usar, ou
simplesmente experimentar mexer em um computador, se formaram na quarta serie
sem que a escola oportunizasse essa experiência a eles.
A
EMEF ... é uma escola grande e ao mesmo tempo muito
pequena. Faltam- nos espaços para pensarmos em exposições, para realização de
aulas que trabalhem a questão do movimento (nossa tão sonhada e aguardada
quadra de esportes), ambiente apropriado para a prática artística... e a nossa
exposição foi um pouco mesmo do que aquilo que tínhamos pensado, meus alunos e
eu preparamos as atividades, montamos um painel transparente para a exposição
do trabalho, mas que no fim das contas se resumiu a poucas atividades expostas
na entrada da escola, pois além da falta de espaço, não tínhamos como
pendurar o painel que produzimos.
Anexos
Releitura
usando massinha de modelar
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
sexta-feira, 20 de junho de 2014
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Tucano de tampinhas de garrafa
E foi assim, tínhamos de apresentar alguma coisa para a semana do meio ambiente. Pesquisei, não tinha ideia nenhuma, até que vi uns trabalhos feitos com tampinhas de garrafa pet. Gostei, mandei pra diretora que achou uma graça e resolvemos fazer. Aí me perguntava como e o que fazer... lembrei do ponto cruz e achei que daria certo usar um gráfico usado nessa técnica trocando pontinhos por tampinhas...
Levamos a ideia para o HTPC sendo aprovada, pedimos para que as crianças trouxessem as tampinhas, todas as que eu juntei e que estava guardando há uns três anos levei pra escola. Dois dias colando tampinhas, uma dorzinha no braço pelo movimento repetitivo, mas tudo bem... ai esta o resultado^^
obrigada a todos os pais, alunos, professores e amigos que colaboraram, sem vocês não teria dado certo^^
Levamos a ideia para o HTPC sendo aprovada, pedimos para que as crianças trouxessem as tampinhas, todas as que eu juntei e que estava guardando há uns três anos levei pra escola. Dois dias colando tampinhas, uma dorzinha no braço pelo movimento repetitivo, mas tudo bem... ai esta o resultado^^
obrigada a todos os pais, alunos, professores e amigos que colaboraram, sem vocês não teria dado certo^^
terça-feira, 6 de maio de 2014
Experimentações em POP UP
Outro dia, caminhando pela net, vi que a Casa das Rosas, em São Paulo estava com inscrições abertas para uma oficina de Arte Pop Up. Adoro esse livros que quando a gente abra vão saltando coisas incríveis... Quero Montar um Cenário Pop Up para a peça Quem conta um Conto Aumenta um ponto do Cia GEPETO e assim fiz minha inscrição, a primeira aula foi no ultimo sábado (03/05/14) e ai estão algumas fotos das atividades que desenvolvemos nesse encontro^^
depois da oficina, voltei pra casa com vontade de montar um ateliê na escola.. Vamos ver se dá certo^^
depois da oficina, voltei pra casa com vontade de montar um ateliê na escola.. Vamos ver se dá certo^^
quarta-feira, 26 de março de 2014
Parte do meu texto da Pós Graduação
As relações escola X
família.
A
intervenção deliberada dos membros mais maduros da cultura no aprendizado das
crianças é essencial ao seu processo de desenvolvimento. A intervenção
pedagógica do professor tem, pois, um papel central na trajetória dos
indivíduos que passam pela escola. OLIVEIRA (2001)
A
escola onde trabalho fica em um bairro periférico e em expansão em (...) e como já disse anteriormente é um bairro com grandes diferenças econômicas e
que em muitos locais, principalmente os mais afastados, há uma grande
incidência de tráfico de entorpecentes.
Um
levantamento que fiz, durante as duas primeiras reuniões de pais e mestres
nessa escola mostra como os pais tem se afastado da escola e da vida familiar
de seus filhos. Claro que os dados de apenas duas reuniões de pais e mestres,
no primeiro semestre deste ano, talvez seja um instrumento ainda pequeno de
avaliação e que deveríamos verificar em um período maior, mas já podemos ter
uma base para a necessidade de aproximarmos mais os pais e a comunidade da
escola.
Os
nomes das crianças que vou usar são de fantasia, mas as histórias reais.
Comecemos pela história do aluno Rodrigo de oito anos, matriculado no 2º ano.
Há algum tempo venho tentado falar com seus familiares, esse aluno passou pelo
primeiro ano inteiro na hipótese de escrita pré- silábica e iniciou o segundo
da mesma forma, avançando para a hipótese silábica sem valor no final do
primeiro bimestre desse ano (2012), ele é aluno de uma professora muito
comprometida com seu trabalho, e que ao ver que muitos de seus alunos que haviam
avançado, mas não conforme a expectativa do bimestre chorou convulsivamente
dizendo não achar justo esses alunos receberem notas vermelhas sem se levar em
conta o avanço que tiveram. Já mandei duas convocações para a mãe desse aluno,
a primeira ele não mostrou, a segunda veio assinada. Tenho perguntado a todo
tempo pela mãe e ele me responde que ela virá hoje à tarde ou amanhã. Já ate
encontrei com essa mãe na saída dos alunos, pedi para que ela comparecesse o
mais breve possível na escola para conversarmos e ela até hoje não apareceu.
Perguntei se ela havia visto a convocação no caderno de seu filho ao que ela
respondeu que não, disse a ela que bilhete estava assinado e que não era a
letra do aluno e ela me disse que tinha assinado sem ler o conteúdo do bilhete.
Outro
aluno que temos é o Leonardo, também de oito anos e matriculado no segundo ano.
Esse aluno presenciou o padrasto abusando sexualmente da irmã mais velha. Se
perguntarmos ao aluno, ele saberá responder com detalhes como “tudo” aconteceu.
Ele não respeita a mãe, os colegas ou mesmo a professora, que tem sido bastante
enérgica com a criança para que ela possa aprender o possível. A mãe desse
aluno compareceu apenas uma vez na escola para reclamar que a diretora havia
espalhado o caso do estupro pela comunidade escolar. O que não ocorreu, pois muitos dos pais já
sabiam do ocorrido, sendo a escola a ultima a ser informada da situação. Essa
mãe para eventos, reuniões e outras atividades da escola nunca compareceu, só
veio por que a família que cuidava do aluno desistiu e ela não tinha mais com
quem deixa-lo.
São
varias as historias de abandono, tanto intelectual, afetivo como também físico.
Temos duas crianças uma no primeiro ano e outra no quinto, que ficam o dia
inteiro a sós em casa, sem nenhum adulto que os cuide, pois a mãe diz
necessitar trabalhar e não pode ficar com eles. E esses abandonos, muitas vezes se refletem na
escola em indisciplina, desrespeito e violência.
Dizer
que todo mal que a escola sofre é culpa da família é uma inverdade sem tamanho.
Mas jogar toda a responsabilidade na escola é outro erro que estamos cometendo.
Então como fazer para que as famílias estejam mais inseridas na educação de
seus filhos e entendam seu papel de formação social dessas crianças?
Na lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 que trata sobre as
Diretrizes e Bases da educação nacional, a LDB, nos diz em seu primeiro artigo
que A educação abrange os processos
formativos que se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
O primeiro ponto a ser defendido por essa lei, é que a
educação abrange o processo de formação do individuo e esse processo se dá
primeiro dentro da convivência familiar e humana, para depois vir a formação no
trabalho, nas escolas e nos demais segmentos da sociedade. Podemos dizer que a
educação é um processo que não tem fim, pois sempre estamos aprendendo e nos
reeducando e que, se ela começa dentro da família, ela ira refletir nas outras
instituições sociais.
A educação é um processo, por tanto é o
decorrer de um fenômeno (a formação do homem) no tempo, ou seja, é um fato
histórico. Toda via é um fato histórico em duplo sentido: primeiro de que
representa a própria historia do individual de cada ser humano; segundo, no
sentido de que esta vinculada à fase vivida pela comunidade em sua continua
evolução. PINTO, 1984.
Pensar na construção familiar nos dias de hoje é uma
tarefa difícil, pois não temos mais uma família ideal, onde haja a figura
paterna, a materna, os irmãos, de preferencia um casal. A família contemporânea
tem múltiplas possibilidades de construção. E não cabe mais dentro das
perspectivas burguesas de alguns anos atrás. O maior problema que essa família
vem enfrentando são as relações de respeito, de solidariedade, de humanidade
que os dias corridos, onde a busca por capital é desumana e egoísta. O
importante sou eu e não o outro. Isso me fez lembrar de uma cena que vi essa
semana: ultima aula, sexta feira, um aluno que é rejeitado pela família
empurrou uma aluna e essa feriu-se com um pequeno corte na cabeça, fiz o
curativo usando um pedacinho de algodão e prendendo com fita crepe, apenas para
estancar o sangramento enquanto a diretora entrava em contato com a família. A
mãe da garota chegou já às dezoito horas, e inqueria a aluna o porquê ela foi
“mexer” com um aluno maior que ela, sendo os dois da mesma sala e mesma idade.
A menina não sabia o que responder e a mãe continuava a queixar-se sobre que
ela só era chamada a escola para receber reclamações, que toda vez era isso.
Quando é que a menina ia aprender a se vestir sozinha, a não aprontar na
escola, porque ela (a mãe) não aguentava mais aquilo. Desde o dia em que estou
na escola (30 de janeiro deste ano) vi essa mãe apenas duas vezes, essa em que
a menina se machucou, e outra, quando não apareceu ninguém para busca-la e já
eram dezoito e trinta quando a mãe chegou, falei com a mãe que o dia estava
muito frio e que a menina quando quisesse vir a escola de saia que vestisse
também uma meia calça, pois ela poderia se resfriar, ao que a mãe me respondeu
que ela não tinha o que fazer, pois trabalhava o dia inteiro e que a menina
ficava com uma babá, respondi a mãe dizendo que ela poderia pedir, então, que a
babá ficasse atenta a isso e a mãe se dirigiu a aluna reclamando que ela sempre
ia a escola para receber reclamações, terminando com um gesto obsceno.
Já o outro aluno, o que havia empurrado a menina, como já
disse, é rejeitado pela família, por mais que essa tente passar uma imagem
diferente, a situação é bem clara. Outro dia ele estava febril e a secretária
da escola ligou varias vezes para falar com a mãe que ela viesse buscar a
criança. Depois de muito tempo a mãe retorna a ligação para a escola querendo
saber o que se havia acontecido algo com seu filho, dirigindo- se ao outro
filho matriculado em um terceiro ano. Só depois de muito tempo é que ela se
lembrou do filho mais velho, que era o motivo que a escola havia tentado falar
com ela.
Marta Kohl de Oliveira em seu livro sobre o pensamento de
Vigotsky (2001) nos diz “o homem
biológico transforma-se em social por meio de um processo de internalização de
atividades, comportamentos e signos culturalmente desenvolvidos”. O que vemos nos dias de hoje, devido
ao avanço descontrolado do capitalismo e dos ideais individualistas é uma
inversão de valores, a começar dentro do seio familiar e que se estende a
escola e a toda a sociedade.
Os pais muitas vezes, em seus anseios por uma vida
melhor, acreditam que a escola será a salvadora do futuro de seus filhos, e
entregam a esta instituição todo o encargo da educação dos pequenos. A escola,
que há algum tempo atrás era para poucos, agora abre suas portas a todos,
dentro de uma obrigatoriedade disfarçada em direito. Complementando o circulo capitalista,
aparecem bolsas “disso e daquilo” tornando o “ter” filhos um negocio lucrativo,
sendo necessário apenas manter seus filhos frequentando a escola para a
garantia do beneficio e, a qualidade da educação que também é um direito, é
esquecida em arquivos e papelada.
Como
poderemos formar cidadãos capazes de inferir em uma sociedade critico-
reflexivamente, se muitas vezes os direitos de crianças são negligenciados por
suas famílias, pela escola e pela própria sociedade que aceita calada essa
situação. E muitos ainda acreditam em educação como combate a criminalidade?
A
escola é, ultimamente, o centro das atenções de muitas pesquisas e manchetes de
jornais que tratam da violência escolar cometida entre alunos e entre estes e
seus professores. Nesse sentido vale
repensarmos no papel da escola nos dias atuais, na sua função social que esta
apresenta e como ela pode transformar realidades dentro da comunidade em que
esta inserida, e para isso há a necessidade de articular escola, família dentro
de um projeto que vise à formação cidadã não só de seus alunos como também da
comunidade que a compõe.
Mas
que projeto seria esse e como incluir a família e a comunidade dentro desse
projeto, para que ele se torne parte da comunidade escolar como algo que a
diferencie de outras organizações sociais?
Esse
projeto se dá através do dialogo, do estudo, da analise dos objetivos de todos
os participantes que compõe a comunidade escolar, é necessário que cada um entenda
seu papel na formação desse projeto, que pode ser chamado de varias formas
(projeto politico pedagógico, projeto pedagógico etc.), mas que deve ter por
finalidades mostrar a “cara” da escola, o porquê dela existir como parte
fundamental da construção e formação de sociedade que queremos.
O
projeto politico- pedagógico da escola só irá ser uma referencia para o
trabalho que a escola desenvolve quando as concepções e orientações que vincula
estiverem em consonância com as reais necessidades da unidade escolar e fizer
sentido para todos os envolvidos no processo. Desta maneira, é fundamental a
importância que a comunidade escolar local conheça a função do projeto e os
preceitos que o compõe. FRANCO, 2010
O
projeto politico pedagógico é a identidade de cada escola, e a participação de
toda a comunidade escolar dentro desse projeto, segundo Franco, “proporciona a
comunidade a responsabilidade na tomada de decisões e do papel de cada um para
o planejamento, implantação, desenvolvimento e avaliação do projeto da escola.”
Esse projeto nasce das necessidades reais da escola que são diagnosticadas
através de avaliações internas. Essas necessidades são discutidas e analisadas
pela comunidade que então passa a projetar ações para solucioná-las. É
importante lembrar que esse projeto não nasce do dia para a noite, ele requer
tempo, analise e estudo, para só então começar a ser escrito como projeto a ser
defendido pela escola.
Infelizmente não são
todas as escolas que já conseguiram formular seus projetos, muitas ainda vivem
o dilema de terem suas atividades cerceadas pelas secretarias de educação.
Fazendo o caminho de cima para baixo, não dando autonomia as escolas para que
reflitam sobre suas realidades e assim construam seu próprio modo de ser
escola, respeitando suas necessidades e seus participantes.
sexta-feira, 21 de março de 2014
Dislexia
Dislexia
Ao ler entrevista de Beatriz
de Paula Souza na seção Fala mestre! Da Revista Nova Escola (edição deste mês),
lembrei- me de quando era criança, na segunda serie do ensino fundamental e que
sempre trocava o m por n antes de p e b. A professora Cida, uma mulher
agigantada, um dia escreveu algo na lousa dizendo que era assim que eu
escrevia. Os alunos riram de mim e eu me senti pequena perto daquela sala cheia
de crianças. Cheguei em casa meio chorona e disse à minha mãe que eu sempre me
confundia com o m e o n antes de p e b e que isso era motivo de risadas de meus
colegas de sala e da tal professora Cida. Minha mãe me disse o seguinte: -
Agora que você falou que sempre se confunde, isso não vai mais acontecer por
que de agora em diante você prestará mais atenção na hora de escrever palavras que
tenham m antes de p e b.
Acho que lá em 1994,
ano em que eu cursei a segunda série, a dislexia ainda não era algo assim tão
comum de ser diagnosticada, e assim segui com a minha dificuldade para as próximas
séries. Mas algo aconteceu... Lá na sétima serie conheci um anjo de professora,
a Professora Luzia, que hoje mora lá com o Papai do céu. Eu não sei dizer ao
certo o que ela fez, mas me lembro de que a dificuldade em escrever começou a
sumir, já não tinha medo de fazer redações ou dissertar sobre algum assunto, de
certa forma foi por causa dela que comecei a querer ser professora. Um dia estávamos
no pátio da escola e minha professora de História Gorete comentou com a
professora Luzia que eu escrevia muito bem. E eu disse que era por que a
Professora Luzia tinha me ensinado, ela sorriu. E eu fiquei muito feliz. Os
anos se passaram, me formei em Arte, passei em concursos, comecei a trabalhar
na Prefeitura de Santa Isabel, fiz Pós Graduação e uma das aulas, uma
professora de psicologia trouxe um teste pra lá de absurdo para que nos realizássemos,
segundo o teste sou dislexa. Daí uma pulga ficou atrás de minha orelha, será
mesmo que esse negócio existe?
Um dia fui ao oftalmologista,
pois sempre achei que enxergava mais com o olho esquerdo do que com o direito,
depois dos exames, ele me disse que eu enxergava muito bem e que não haveria
necessidade de óculos e me perguntou se eu era destra ou canhota, respondi
destra. Ai ele me disse que isso era um indicio de dislexia. Só não ri para não
parecer mal educada, mas como alguém que hoje já esta na terceira faculdade, hoje
curso o terceiro semestre de pedagogia, pode ter uma doença que a impeça de
aprender?
Ai, alguém me pode
dizer que sou hiperativa, que não consigo ficar sem ter o que fazer ou isso e
aquilo, e realmente não consigo mesmo, pois me parece que começo a desaprender
as coisas, parece que meu cérebro vai ficando por assim dizer meio burro e preguiçoso.
A hiperatividade, doença
do nosso tempo, é outra, a meu ver, sem fundamento. Afinal, ouvimos musica, falamos
com nossos amigos via redes sociais, ficamos sabendo das noticias, comemos e
fazemos um monte de outras coisas ao mesmo tempo. Agora por exemplo, enquanto
escrevo, vou também pensando nos trabalhos da faculdade e do planejamento de
minhas aulas da semana que vem.
O maior problema do
nosso tempo é que não sabemos dar os limites e procurar outros caminhos para
solucionar as nossas dificuldades. Outro dia mesmo, me cortou o coração ver um
aluno dizer que não aprendia por ser dislexo. E a mãe dessa pobre criança andava pra cima e
para baixo com o laudo medico, sem assumir a responsabilidade pela educação de
seu filho, dificultando ainda mais uma ação pedagógica que pudesse ajuda-lo e,
aumentando os lucros da indústria farmacêutica.
quinta-feira, 13 de março de 2014
NÃO NOS ESQUECEMOS ASSIM COM TANTA FACILIDADE
Novo jingle eleições 2014.
'chegou a hora de soltar a voz
vamos mostrar quem somos nós
ESQUECE TUDO O QUE VOCÊ JA VIU
vamos fazer a melhor eleição do Brasil.
ooo
eu quero, eu posso ,eu vou fazer
ooo
o melhor pro Brasil, pra mim, pra você'
INFELIZMENTE NÃO PODEMOS ESQUECER TUDO O QUE JA VIMOS, JÁ VIVEMOS, JÁ SENTIMOS...
CORRUPÇÃO
VIOLÊNCIA
FALTA DE RESPEITO COM TODOS OS BRASILEIROS.
EDUCAÇÃO, SAÚDE E TRANSPORTE SUCATEADOS
CORRUPÇÃO
VIOLÊNCIA
FALTA DE RESPEITO COM TODOS OS BRASILEIROS.
EDUCAÇÃO, SAÚDE E TRANSPORTE SUCATEADOS
segunda-feira, 10 de março de 2014
REVISITANDO TEXTOS ^^
Arte para que?
Quando os homens ainda habitavam as cavernas, seu fazer
artístico era voltado a um possível registro de sua historia e costumes.
Acredita-se que o homem pré-histórico pintava as paredes das cavernas como
forma de sobrevivência da espécie, pintava como modo ritualístico de garantir
alimento para sua comunidade.
Os egípcios acreditavam que tudo que eles tinham em vida,
devia ser anotado, para que pudessem desfrutar desses bens em morte, que seria
uma vida ainda mais importante do que a vida terrena. Por isso, criavam
“catálogos” do que tinham e do que fizeram aqui no plano terrestre para se
lembrarem nesta segunda vida.
Os gregos acreditavam no belo ideal, e que este belo se
resumia no homem utilizando a proporção humana para todas as coisas.
Quando o império romano surgiu, eles assimilaram tudo o que
os gregos haviam feito com a arte e recriaram copias. No império bizantino, com
a ascendência do cristianismo, a arte volta para ilustrar cenas bíblicas como
modos de fazer com que todos soubessem da historia do Cristo e da vida de
santos e de uma possível vida após a morte.
Até este momento não há um registro do artista. O artista
nada mais é do que um ilustrador da historia. A partir do crescimento das
cidades e do surgimento da burguesia, há uma ruptura do artista e do artesão.
Os artistas passam a ser financiado em suas produções, passando a assinar suas
obras, daí temos o surgimento de vários estudos e períodos artísticos com seus
determinados artistas. Mas ainda o artista exerce a função de perpetuar os fatos,
reproduz imagens da vida cotidiana das cidades, produz retratos das pessoas
ilustres que comandam a mesmas, retratando modos e costumes. Mas há também,
artistas voltados apenas a seus estudos de luz e sombras, não se importando com
os acontecimentos da vida em volta de si. Estes artistas muitas vezes pertencem
à aristocracia, produzem suas obras como representação do belo ou de seus
próprios interesses não tendo nenhum comprometimento com a sociedade em que
está inserido.
Outros artistas questionam o mundo industrializado, as
guerras que dizimam nações, angustia que sufocam a sociedade e a si próprios.
Com o surgimento da fotografia é dada a liberdade aos
artistas, a eles não cabe mais o retrato destas sociedades. E o artista volta
para si, fala de si próprio. Muitas vezes, sem preocupar-se com os possíveis
destinos de sua obra.
Hoje temos vários artistas contemporâneos que ainda discutem
temas como os avanços da tecnologia e os problemas que isso causa à sociedade,
como problemas do meio ambiente, as tentativas de sobrepujar povos menos
favorecidos e a ganância de poucos em tentar dominar e ter somente para si as
riquezas de determinado local. Como também questões mais subjetivas, numa busca
constante de tentar satisfazer seus próprios anseios. Como problemas que estes
artistas possam ter tido em suas infâncias, e tentando, ate hoje, suprimir
estes traumas, trabalhando como defensores de causas dos direitos da
humanidade. Outros artistas estão voltados mais ao mercado das artes, fazem do
meio artístico um trampolim para objetivo capitalista e de interesses próprios,
sem nenhum compromisso com a função questionadora das artes.
Será que a arte só pode existir quando útil para a
sociedade, comprometida com as causas sociais, mas o que seria esta arte comprometida
socialmente?
Podemos dizer que arte comprometida seria uma produção
voltada às questões sociais, onde o artista expõe seu ponto de vista aos
acontecimentos que o rodeiam. O artista se põe em um papel de formador da
opinião publica, ele questiona a todo o momento, através de suas obras, como é
a vida desta sociedade em que vivemos, se este modo é o melhor ou se há outros
caminhos.
Platão questionava a funcionalidade da arte, para ele a arte
era menor que a filosofia, pois criava imitações da realidade e por isso não
tinha um valor para a sociedade grega, enquanto, a filosofia habitava o mundo
das idéias, onde tudo era originalmente criado.
A função utilitária da arte já é questionada desde então,
para os gregos toda a arte tinha que ter uma finalidade pratica. Um artesão era
contratado para produzir objetos que tivessem um motivo de sua existência.
Mas o que podemos dizer do designer, dos artistas gráficos e
outros, eles não produzem objetos com um fim social, eles produzem objetos que
são utilizados no cotidiano, são pensados e projetados para facilitarem a vida
das pessoas. Existe por trás destes objetos todo um estudo, projetos que vão
desde o esboço ou desenho a estudos matemáticos, físicos e dinâmicos para sua
utilização. Estes seriam os artesões da contemporaneidade, que produzem obras
que tenha finalidades a vida humana, e porque estes trabalhos não são
considerados objetos de arte?
Por que o artista deixa de ter uma função de representar o
mundo e passa a falar das questões mais subjetivas, e por que a arte deixa de
ser necessária?
Se pensarmos no momento em que o artista perde sua função de
ilustrador da historia e passa a servir um mercado de consumidores formado de
grupos extremamente fechados, entendemos a visão da arte atual, a visão
seletista da arte que atende apenas a elite de uma sociedade. Pessoas mais
abastadas que tem como investir em meios de cultura voltando à arte e as outras
manifestações apenas a estes grupos.
O que alguns grupos começam a sugerir e a questionar, é que
a arte passe a ser acessível a todos as camadas da sociedade. Mas a educação
destas faz, com que se interessem mais por algumas manifestações de, muitas
vezes, níveis inferiores a que são produzidas para as camadas mais altas da
mesma sociedade. O que torna mais difícil a construção de caminhos para que
cheguemos a uma democratização da arte.
Pensando em arte de nível inferior, me veio a idéia do que
seria ela. Bom, na verdade um amigo que leu este texto me perguntou o que seria
uma arte inferior, será que aquela feita com menos recursos, será que arte inferior
é aquela feita por pessoas menos capacitadas ou pra aquelas advindas de zonas
mais carentes da sociedade mas, tudo não é arte?. Essas perguntas que este meu
amigo me fez me fizeram pensar por algum tempo...
Por algum motivo, me veio a cabeça o “Circo Du Solei” e uma
comparação entre os circos que geralmente vamos, um se paga de duzentos reais
pra cima, outro três, no máximo uns vinte reais...
Fiquei pensando sobre isso, as pessoas que tem mais dinheiro
vão ao Circo du Solei, as que têm menos vão, quando tem oportunidades aos mais
acessíveis. Porque?
Daí me veio um monte de por quês...
Porque grandes empresas investem mais em espetáculos grandes
como estes? Por que as pessoas de menor renda se contentam com espetáculos
menores?
Menor aqui, não diz respeito à quantidade disso ou daquilo,
e sim de qualidade.
Vivemos em um mundo capitalista e infelizmente isso
influencia nas construções da cultura em geral.
Responder se tudo é ou não é arte, é uma tarefa difícil. Se
tudo é, tudo também deixa de ser. E ai vamos ficar rodando nesta discussão por
um bom tempo. Vamos precisar de um tempo muito grande e de vários momentos de
conversa e reflexões...
“...por trás de nossa tagarelice cotidiana paira o
silencio... as grandes coisas exigem silencio ou que delas falemos com
grandeza...”
“Sobre a Arte e a arte” Gleberson Agricio Barbosa
O que seria este silencio que paira por trás de todas as
coisas que fazemos ou pensamos?
Para alguns o silencio é algo tão assustador quanto o
escuro. O silencio é esmagador, e temos medo do que possa acontecer logo após.
Hoje sumiu o avião que tinha destino para a França. Nos noticiários dizia-se
que a ultima comunicação da aeronave com a torre de comando foi que havia uma
pane elétrica na mesma, outras noticias era a de um passageiro que dizia estar
com medo. Depois disso houve silencio, todos estão à espera de noticias, a
França e o Brasil fazem buscas por mar, mas ninguém sabe o que aconteceu. Como
pode um avião com mais de duzentos passageiros simplesmente sumir?
O silencio aqui nos parece algo totalmente assustador,
imagine as pessoas que têm familiares ou amigos neste avião. Imagine se estes
passageiros estão a deriva esperando por socorro, o que é este silencio?
Para outras pessoas silencio pode ser a fonte inspiratória.
Há alguns dias, estava eu lendo uma revista semanária de São
Paulo, onde se dizia do silencio criador, o estar sem fazer ou exercer nada,
andar pela cidade, sem pensar em nada. Foi dado a este exercício o nome de ócio
criativo, quando o artista se põe em silencio para criar.
Há diferenças então no modo de pensar sobre os significados
do SILENCIO, há o silencio pedido em hospitais, a o silencio de concentração
como há vários outros tipos de silencio, então que silencio o escritor nos
sugere?
É um silencio das nossas ações, é se por em estado de
reflexão para que nosso espírito possa falar por, e através de nós. No silencio
onde todas as nossas angústias são visitadas e a partir delas questionamentos
são formados e o nosso modo de pensar e agir são transformados em fazer. Um
fazer que parte do estado de silencio.
Mas o que o silêncio tem a ver com a arte?
Acredito eu, que os artistas antes de compor suas obras, se
fizeram instrumento do silencio criador, deixaram que este silencio agisse
neles, observaram o mundo em silencio, puseram suas angustias a prova e de seus
questionamentos repensaram o mundo e o recriaram através da materialização de
seus pensamentos.
Pensar em arte como o ato de tornar o feio em algo
suportável, talvez venha deste processo de ressignificar através do fazer
artístico por meio do exercício silencioso de repensar o mundo.
O artista torna seus questionamentos em um objeto que é
destrinchado pelos críticos e historiadores, ele é movido por uma força de
pensar e de fazer que seja depois estudado e decomposto pela historia, pondo um
abismo entre as duas, arte e historia.
Mas apesar dos distanciamentos existentes entre as duas
faculdades do pensar humano onde, uma se propõe no fazer, no ressignificar, no
repensar e a outra se reserva o visitar e revisitar discutindo técnicas e
motivos do fazer. As duas andam juntas quando pensamos em visitar artistas
passados de nossa historia, dando assim o estudo da Historia da Arte, onde a
Historia vem estudar e questionar momentos desses artistas. E assim podemos
trazer para os dias atuais idéias que moveram o mundo bem antes de sonharmos
estarmos aqui.
Experiências com arte
Eu e alguns amigos montamos um grupo de professores de arte,
pra discutirmos coisas referentes ao tema "arte-Educação”.
Eu e minha amiga ficamos um bom tempo imaginando como
poderíamos iniciar essas discussões, pegamos livros, buscamos no google e um
monte de outras coisas, eu tenho um livro sobre Van Gogh e neste livro esta
escrito um a frase de uma das cartas que o Van Gogh enviou para seu irmão THEO.
“As emoções são às vezes tão forte que trabalho sem saber
que estou trabalhando" a frase é mais ou menos isso, ai, começamos a
pensar em desenvolver uma dinâmica em cima desta frase de Van Gogh.
Pensamos mais um pouco em como poderia ser esta dinâmica...
No fim resolvemos que íamos confeccionar viseiras, aquela
usada por cavalos que limitam a visão e ele só enxerga o que esta a sua frente
(eu não sei o nome disso). O processo é simples duas folhas de sulfite bastam
(meu amigo conseguiu montar com apenas uma).
Escolhemos também uma musica de Tchaicovisk. Era isso.
No dia um dos membros do grupo leu um texto que ele havia
escrito sobre "a caixa de sapatos”
Logo depois a Ceci sugeriu a brincadeira. Todos se
prontificaram a fazer, participaram nesse dia também dois outros professores,
um de biologia e a outra de português. E tínhamos um não Professor (ele é da
área empresarial). Todos confeccionaram as viseiras, quando todos tínhamos
acabado, a Ceci pos a musica para tocar e ai nós tínhamos que nos movimentar
pelo espaço da sala, com cuidado para não batermos uns nos outros. Apos alguns
minutos nos começamos a andar em círculos, um atrás do outro, e eu que tentei
fazer outro caminho acabei ficando fora do que eles estavam fazendo. A Ceci
interrompeu a musica e então falou pra que nos disséssemos o que havia
acontecido. Todos disseram muitas coisas
Mas o mais importante foi à situação que cada um se achou:
enquanto a musica propunha que pulássemos, dançássemos e fizéssemos outros
movimentos, o medo de bater ou derrubar o outro era maior e foi o que fez todos
andarem em círculos com receio de inovar.
Ficamos limitados aquele espaço e que m tentou fugir do que
estava acontecendo e propor outros caminhos ficou de fora.
A pergunta é E ai?
Como fazer pra que o ensino se renove? Será que temos medo
desta renovação? Será que estamos preparados para que ela aconteça? Porque que
quando alguém tenta ser diferente ele fica de fora?
Qual a função do professor na sociedade atual?
O professor é mediador de um processo para que o aluno se
liberte da viseira ou ele só indica o caminho a seguir?
Estamos novamente nos questionamento que o artista faz
diante da sociedade em suas obras, este é ou existem outros caminhos?
Pensando em caminhos a artista Ligia Clarck com sua Fita de
Moebius, sugere que pensemos nestes caminhos.
Sugerimos que algumas pessoas reproduzissem a obra e falasse
sobre ela. Algumas apresentaram mais facilidades em refazê-la outras nem tanto
assim. O exercício consistia em refazer a fita, percorrer o caminho com uma
caneta hidrocor, e depois recortar a fita como quisesse.
Algumas pessoas, não conhecia esta obra, nem a artista e
acharam interessante a proposta, outras não entenderam o objetivo.
Para muitas pessoas a arte ainda é vista como representação
do belo, e não entendem os questionamentos propostos pela própria obra. Hoje a
arte contemporânea é tida muitas vezes como uma obra de difícil entendimento
por que a sociedade ainda pensa em arte como algo bonito que conta uma
historia. Mas a arte contemporânea esta alem desses conceitos que já estão
arraigados a sociedade. A todo o momento ela nos sugere um novo olhar sobre as
praticas cotidiana. Um olhar que é construído a partir de todo o nosso
repertorio, de tudo aquilo que tivemos acessos através da nossa capacidade de
enxergar, de experimentar de viver e que nos constitui como pessoas, e que a
todo o momento nos questiona sobre o nosso modo de compor este mesmo
repertorio.
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