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sexta-feira, 21 de março de 2014

Dislexia

Dislexia
Ao ler entrevista de Beatriz de Paula Souza na seção Fala mestre! Da Revista Nova Escola (edição deste mês), lembrei- me de quando era criança, na segunda serie do ensino fundamental e que sempre trocava o m por n antes de p e b. A professora Cida, uma mulher agigantada, um dia escreveu algo na lousa dizendo que era assim que eu escrevia. Os alunos riram de mim e eu me senti pequena perto daquela sala cheia de crianças. Cheguei em casa meio chorona e disse à minha mãe que eu sempre me confundia com o m e o n antes de p e b e que isso era motivo de risadas de meus colegas de sala e da tal professora Cida. Minha mãe me disse o seguinte: - Agora que você falou que sempre se confunde, isso não vai mais acontecer por que de agora em diante você prestará mais atenção na hora de escrever palavras que tenham m antes de p e b.
Acho que lá em 1994, ano em que eu cursei a segunda série, a dislexia ainda não era algo assim tão comum de ser diagnosticada, e assim segui com a minha dificuldade para as próximas séries. Mas algo aconteceu... Lá na sétima serie conheci um anjo de professora, a Professora Luzia, que hoje mora lá com o Papai do céu. Eu não sei dizer ao certo o que ela fez, mas me lembro de que a dificuldade em escrever começou a sumir, já não tinha medo de fazer redações ou dissertar sobre algum assunto, de certa forma foi por causa dela que comecei a querer ser professora. Um dia estávamos no pátio da escola e minha professora de História Gorete comentou com a professora Luzia que eu escrevia muito bem. E eu disse que era por que a Professora Luzia tinha me ensinado, ela sorriu. E eu fiquei muito feliz. Os anos se passaram, me formei em Arte, passei em concursos, comecei a trabalhar na Prefeitura de Santa Isabel, fiz Pós Graduação e uma das aulas, uma professora de psicologia trouxe um teste pra lá de absurdo para que nos realizássemos, segundo o teste sou dislexa. Daí uma pulga ficou atrás de minha orelha, será mesmo que esse negócio existe?
Um dia fui ao oftalmologista, pois sempre achei que enxergava mais com o olho esquerdo do que com o direito, depois dos exames, ele me disse que eu enxergava muito bem e que não haveria necessidade de óculos e me perguntou se eu era destra ou canhota, respondi destra. Ai ele me disse que isso era um indicio de dislexia. Só não ri para não parecer mal educada, mas como alguém que hoje já esta na terceira faculdade, hoje curso o terceiro semestre de pedagogia, pode ter uma doença que a impeça de aprender?
Ai, alguém me pode dizer que sou hiperativa, que não consigo ficar sem ter o que fazer ou isso e aquilo, e realmente não consigo mesmo, pois me parece que começo a desaprender as coisas, parece que meu cérebro vai ficando por assim dizer meio burro e preguiçoso.
A hiperatividade, doença do nosso tempo, é outra, a meu ver, sem fundamento. Afinal, ouvimos musica, falamos com nossos amigos via redes sociais, ficamos sabendo das noticias, comemos e fazemos um monte de outras coisas ao mesmo tempo. Agora por exemplo, enquanto escrevo, vou também pensando nos trabalhos da faculdade e do planejamento de minhas aulas da semana que vem.

O maior problema do nosso tempo é que não sabemos dar os limites e procurar outros caminhos para solucionar as nossas dificuldades. Outro dia mesmo, me cortou o coração ver um aluno dizer que não aprendia por ser dislexo.  E a mãe dessa pobre criança andava pra cima e para baixo com o laudo medico, sem assumir a responsabilidade pela educação de seu filho, dificultando ainda mais uma ação pedagógica que pudesse ajuda-lo e, aumentando os lucros da indústria farmacêutica.

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