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quarta-feira, 26 de março de 2014

Parte do meu texto da Pós Graduação

As relações escola X família.
A intervenção deliberada dos membros mais maduros da cultura no aprendizado das crianças é essencial ao seu processo de desenvolvimento. A intervenção pedagógica do professor tem, pois, um papel central na trajetória dos indivíduos que passam pela escola. OLIVEIRA (2001)

A escola onde trabalho fica em um bairro periférico e em expansão em (...) e como já disse anteriormente é um bairro com grandes diferenças econômicas e que em muitos locais, principalmente os mais afastados, há uma grande incidência de tráfico de entorpecentes.
Um levantamento que fiz, durante as duas primeiras reuniões de pais e mestres nessa escola mostra como os pais tem se afastado da escola e da vida familiar de seus filhos. Claro que os dados de apenas duas reuniões de pais e mestres, no primeiro semestre deste ano, talvez seja um instrumento ainda pequeno de avaliação e que deveríamos verificar em um período maior, mas já podemos ter uma base para a necessidade de aproximarmos mais os pais e a comunidade da escola.

Os nomes das crianças que vou usar são de fantasia, mas as histórias reais. Comecemos pela história do aluno Rodrigo de oito anos, matriculado no 2º ano. Há algum tempo venho tentado falar com seus familiares, esse aluno passou pelo primeiro ano inteiro na hipótese de escrita pré- silábica e iniciou o segundo da mesma forma, avançando para a hipótese silábica sem valor no final do primeiro bimestre desse ano (2012), ele é aluno de uma professora muito comprometida com seu trabalho, e que ao ver que muitos de seus alunos que haviam avançado, mas não conforme a expectativa do bimestre chorou convulsivamente dizendo não achar justo esses alunos receberem notas vermelhas sem se levar em conta o avanço que tiveram. Já mandei duas convocações para a mãe desse aluno, a primeira ele não mostrou, a segunda veio assinada. Tenho perguntado a todo tempo pela mãe e ele me responde que ela virá hoje à tarde ou amanhã. Já ate encontrei com essa mãe na saída dos alunos, pedi para que ela comparecesse o mais breve possível na escola para conversarmos e ela até hoje não apareceu. Perguntei se ela havia visto a convocação no caderno de seu filho ao que ela respondeu que não, disse a ela que bilhete estava assinado e que não era a letra do aluno e ela me disse que tinha assinado sem ler o conteúdo do bilhete.
Outro aluno que temos é o Leonardo, também de oito anos e matriculado no segundo ano. Esse aluno presenciou o padrasto abusando sexualmente da irmã mais velha. Se perguntarmos ao aluno, ele saberá responder com detalhes como “tudo” aconteceu. Ele não respeita a mãe, os colegas ou mesmo a professora, que tem sido bastante enérgica com a criança para que ela possa aprender o possível. A mãe desse aluno compareceu apenas uma vez na escola para reclamar que a diretora havia espalhado o caso do estupro pela comunidade escolar.  O que não ocorreu, pois muitos dos pais já sabiam do ocorrido, sendo a escola a ultima a ser informada da situação. Essa mãe para eventos, reuniões e outras atividades da escola nunca compareceu, só veio por que a família que cuidava do aluno desistiu e ela não tinha mais com quem deixa-lo.
São varias as historias de abandono, tanto intelectual, afetivo como também físico. Temos duas crianças uma no primeiro ano e outra no quinto, que ficam o dia inteiro a sós em casa, sem nenhum adulto que os cuide, pois a mãe diz necessitar trabalhar e não pode ficar com eles. E esses abandonos, muitas vezes se  refletem na escola em indisciplina, desrespeito e violência.
Dizer que todo mal que a escola sofre é culpa da família é uma inverdade sem tamanho. Mas jogar toda a responsabilidade na escola é outro erro que estamos cometendo. Então como fazer para que as famílias estejam mais inseridas na educação de seus filhos e entendam seu papel de formação social dessas crianças?
Na lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 que trata sobre as Diretrizes e Bases da educação nacional, a LDB, nos diz em seu primeiro artigo que A educação abrange os processos formativos que se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
O primeiro ponto a ser defendido por essa lei, é que a educação abrange o processo de formação do individuo e esse processo se dá primeiro dentro da convivência familiar e humana, para depois vir a formação no trabalho, nas escolas e nos demais segmentos da sociedade. Podemos dizer que a educação é um processo que não tem fim, pois sempre estamos aprendendo e nos reeducando e que, se ela começa dentro da família, ela ira refletir nas outras instituições sociais.

A educação é um processo, por tanto é o decorrer de um fenômeno (a formação do homem) no tempo, ou seja, é um fato histórico. Toda via é um fato histórico em duplo sentido: primeiro de que representa a própria historia do individual de cada ser humano; segundo, no sentido de que esta vinculada à fase vivida pela comunidade em sua continua evolução. PINTO, 1984.

Pensar na construção familiar nos dias de hoje é uma tarefa difícil, pois não temos mais uma família ideal, onde haja a figura paterna, a materna, os irmãos, de preferencia um casal. A família contemporânea tem múltiplas possibilidades de construção. E não cabe mais dentro das perspectivas burguesas de alguns anos atrás. O maior problema que essa família vem enfrentando são as relações de respeito, de solidariedade, de humanidade que os dias corridos, onde a busca por capital é desumana e egoísta. O importante sou eu e não o outro. Isso me fez lembrar de uma cena que vi essa semana: ultima aula, sexta feira, um aluno que é rejeitado pela família empurrou uma aluna e essa feriu-se com um pequeno corte na cabeça, fiz o curativo usando um pedacinho de algodão e prendendo com fita crepe, apenas para estancar o sangramento enquanto a diretora entrava em contato com a família. A mãe da garota chegou já às dezoito horas, e inqueria a aluna o porquê ela foi “mexer” com um aluno maior que ela, sendo os dois da mesma sala e mesma idade. A menina não sabia o que responder e a mãe continuava a queixar-se sobre que ela só era chamada a escola para receber reclamações, que toda vez era isso. Quando é que a menina ia aprender a se vestir sozinha, a não aprontar na escola, porque ela (a mãe) não aguentava mais aquilo. Desde o dia em que estou na escola (30 de janeiro deste ano) vi essa mãe apenas duas vezes, essa em que a menina se machucou, e outra, quando não apareceu ninguém para busca-la e já eram dezoito e trinta quando a mãe chegou, falei com a mãe que o dia estava muito frio e que a menina quando quisesse vir a escola de saia que vestisse também uma meia calça, pois ela poderia se resfriar, ao que a mãe me respondeu que ela não tinha o que fazer, pois trabalhava o dia inteiro e que a menina ficava com uma babá, respondi a mãe dizendo que ela poderia pedir, então, que a babá ficasse atenta a isso e a mãe se dirigiu a aluna reclamando que ela sempre ia a escola para receber reclamações, terminando com um gesto obsceno.

Já o outro aluno, o que havia empurrado a menina, como já disse, é rejeitado pela família, por mais que essa tente passar uma imagem diferente, a situação é bem clara. Outro dia ele estava febril e a secretária da escola ligou varias vezes para falar com a mãe que ela viesse buscar a criança. Depois de muito tempo a mãe retorna a ligação para a escola querendo saber o que se havia acontecido algo com seu filho, dirigindo- se ao outro filho matriculado em um terceiro ano. Só depois de muito tempo é que ela se lembrou do filho mais velho, que era o motivo que a escola havia tentado falar com ela.
Marta Kohl de Oliveira em seu livro sobre o pensamento de Vigotsky (2001) nos diz “o homem biológico transforma-se em social por meio de um processo de internalização de atividades, comportamentos e signos culturalmente desenvolvidos”. O que vemos nos dias de hoje, devido ao avanço descontrolado do capitalismo e dos ideais individualistas é uma inversão de valores, a começar dentro do seio familiar e que se estende a escola e a toda a sociedade.
Os pais muitas vezes, em seus anseios por uma vida melhor, acreditam que a escola será a salvadora do futuro de seus filhos, e entregam a esta instituição todo o encargo da educação dos pequenos. A escola, que há algum tempo atrás era para poucos, agora abre suas portas a todos, dentro de uma obrigatoriedade disfarçada em direito. Complementando o circulo capitalista, aparecem bolsas “disso e daquilo” tornando o “ter” filhos um negocio lucrativo, sendo necessário apenas manter seus filhos frequentando a escola para a garantia do beneficio e, a qualidade da educação que também é um direito, é esquecida em arquivos e papelada.
Como poderemos formar cidadãos capazes de inferir em uma sociedade critico- reflexivamente, se muitas vezes os direitos de crianças são negligenciados por suas famílias, pela escola e pela própria sociedade que aceita calada essa situação. E muitos ainda acreditam em educação como combate a criminalidade?
A escola é, ultimamente, o centro das atenções de muitas pesquisas e manchetes de jornais que tratam da violência escolar cometida entre alunos e entre estes e seus professores.  Nesse sentido vale repensarmos no papel da escola nos dias atuais, na sua função social que esta apresenta e como ela pode transformar realidades dentro da comunidade em que esta inserida, e para isso há a necessidade de articular escola, família dentro de um projeto que vise à formação cidadã não só de seus alunos como também da comunidade que a compõe.
Mas que projeto seria esse e como incluir a família e a comunidade dentro desse projeto, para que ele se torne parte da comunidade escolar como algo que a diferencie de outras organizações sociais?
Esse projeto se dá através do dialogo, do estudo, da analise dos objetivos de todos os participantes que compõe a comunidade escolar, é necessário que cada um entenda seu papel na formação desse projeto, que pode ser chamado de varias formas (projeto politico pedagógico, projeto pedagógico etc.), mas que deve ter por finalidades mostrar a “cara” da escola, o porquê dela existir como parte fundamental da construção e formação de sociedade que queremos. 

O projeto politico- pedagógico da escola só irá ser uma referencia para o trabalho que a escola desenvolve quando as concepções e orientações que vincula estiverem em consonância com as reais necessidades da unidade escolar e fizer sentido para todos os envolvidos no processo. Desta maneira, é fundamental a importância que a comunidade escolar local conheça a função do projeto e os preceitos que o compõe. FRANCO, 2010

O projeto politico pedagógico é a identidade de cada escola, e a participação de toda a comunidade escolar dentro desse projeto, segundo Franco, “proporciona a comunidade a responsabilidade na tomada de decisões e do papel de cada um para o planejamento, implantação, desenvolvimento e avaliação do projeto da escola.” Esse projeto nasce das necessidades reais da escola que são diagnosticadas através de avaliações internas. Essas necessidades são discutidas e analisadas pela comunidade que então passa a projetar ações para solucioná-las. É importante lembrar que esse projeto não nasce do dia para a noite, ele requer tempo, analise e estudo, para só então começar a ser escrito como projeto a ser defendido pela escola.
Infelizmente não são todas as escolas que já conseguiram formular seus projetos, muitas ainda vivem o dilema de terem suas atividades cerceadas pelas secretarias de educação. Fazendo o caminho de cima para baixo, não dando autonomia as escolas para que reflitam sobre suas realidades e assim construam seu próprio modo de ser escola, respeitando suas necessidades e seus participantes.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Dislexia

Dislexia
Ao ler entrevista de Beatriz de Paula Souza na seção Fala mestre! Da Revista Nova Escola (edição deste mês), lembrei- me de quando era criança, na segunda serie do ensino fundamental e que sempre trocava o m por n antes de p e b. A professora Cida, uma mulher agigantada, um dia escreveu algo na lousa dizendo que era assim que eu escrevia. Os alunos riram de mim e eu me senti pequena perto daquela sala cheia de crianças. Cheguei em casa meio chorona e disse à minha mãe que eu sempre me confundia com o m e o n antes de p e b e que isso era motivo de risadas de meus colegas de sala e da tal professora Cida. Minha mãe me disse o seguinte: - Agora que você falou que sempre se confunde, isso não vai mais acontecer por que de agora em diante você prestará mais atenção na hora de escrever palavras que tenham m antes de p e b.
Acho que lá em 1994, ano em que eu cursei a segunda série, a dislexia ainda não era algo assim tão comum de ser diagnosticada, e assim segui com a minha dificuldade para as próximas séries. Mas algo aconteceu... Lá na sétima serie conheci um anjo de professora, a Professora Luzia, que hoje mora lá com o Papai do céu. Eu não sei dizer ao certo o que ela fez, mas me lembro de que a dificuldade em escrever começou a sumir, já não tinha medo de fazer redações ou dissertar sobre algum assunto, de certa forma foi por causa dela que comecei a querer ser professora. Um dia estávamos no pátio da escola e minha professora de História Gorete comentou com a professora Luzia que eu escrevia muito bem. E eu disse que era por que a Professora Luzia tinha me ensinado, ela sorriu. E eu fiquei muito feliz. Os anos se passaram, me formei em Arte, passei em concursos, comecei a trabalhar na Prefeitura de Santa Isabel, fiz Pós Graduação e uma das aulas, uma professora de psicologia trouxe um teste pra lá de absurdo para que nos realizássemos, segundo o teste sou dislexa. Daí uma pulga ficou atrás de minha orelha, será mesmo que esse negócio existe?
Um dia fui ao oftalmologista, pois sempre achei que enxergava mais com o olho esquerdo do que com o direito, depois dos exames, ele me disse que eu enxergava muito bem e que não haveria necessidade de óculos e me perguntou se eu era destra ou canhota, respondi destra. Ai ele me disse que isso era um indicio de dislexia. Só não ri para não parecer mal educada, mas como alguém que hoje já esta na terceira faculdade, hoje curso o terceiro semestre de pedagogia, pode ter uma doença que a impeça de aprender?
Ai, alguém me pode dizer que sou hiperativa, que não consigo ficar sem ter o que fazer ou isso e aquilo, e realmente não consigo mesmo, pois me parece que começo a desaprender as coisas, parece que meu cérebro vai ficando por assim dizer meio burro e preguiçoso.
A hiperatividade, doença do nosso tempo, é outra, a meu ver, sem fundamento. Afinal, ouvimos musica, falamos com nossos amigos via redes sociais, ficamos sabendo das noticias, comemos e fazemos um monte de outras coisas ao mesmo tempo. Agora por exemplo, enquanto escrevo, vou também pensando nos trabalhos da faculdade e do planejamento de minhas aulas da semana que vem.

O maior problema do nosso tempo é que não sabemos dar os limites e procurar outros caminhos para solucionar as nossas dificuldades. Outro dia mesmo, me cortou o coração ver um aluno dizer que não aprendia por ser dislexo.  E a mãe dessa pobre criança andava pra cima e para baixo com o laudo medico, sem assumir a responsabilidade pela educação de seu filho, dificultando ainda mais uma ação pedagógica que pudesse ajuda-lo e, aumentando os lucros da indústria farmacêutica.

quinta-feira, 13 de março de 2014

NÃO NOS ESQUECEMOS ASSIM COM TANTA FACILIDADE

Novo jingle eleições 2014.

'chegou a hora de soltar a voz
vamos mostrar quem somos nós 
ESQUECE TUDO O QUE VOCÊ JA VIU
vamos fazer a melhor eleição do Brasil.
ooo
eu quero, eu posso ,eu vou fazer
ooo
o melhor pro Brasil, pra mim, pra você'
INFELIZMENTE NÃO PODEMOS ESQUECER TUDO O QUE JA VIMOS, JÁ VIVEMOS, JÁ SENTIMOS...
CORRUPÇÃO
VIOLÊNCIA
FALTA DE RESPEITO COM TODOS OS BRASILEIROS.
EDUCAÇÃO, SAÚDE E TRANSPORTE SUCATEADOS

segunda-feira, 10 de março de 2014

REVISITANDO TEXTOS ^^

Arte para que?

Quando os homens ainda habitavam as cavernas, seu fazer artístico era voltado a um possível registro de sua historia e costumes. Acredita-se que o homem pré-histórico pintava as paredes das cavernas como forma de sobrevivência da espécie, pintava como modo ritualístico de garantir alimento para sua comunidade.
Os egípcios acreditavam que tudo que eles tinham em vida, devia ser anotado, para que pudessem desfrutar desses bens em morte, que seria uma vida ainda mais importante do que a vida terrena. Por isso, criavam “catálogos” do que tinham e do que fizeram aqui no plano terrestre para se lembrarem nesta segunda vida.
Os gregos acreditavam no belo ideal, e que este belo se resumia no homem utilizando a proporção humana para todas as coisas.
Quando o império romano surgiu, eles assimilaram tudo o que os gregos haviam feito com a arte e recriaram copias. No império bizantino, com a ascendência do cristianismo, a arte volta para ilustrar cenas bíblicas como modos de fazer com que todos soubessem da historia do Cristo e da vida de santos e de uma possível vida após a morte.
Até este momento não há um registro do artista. O artista nada mais é do que um ilustrador da historia. A partir do crescimento das cidades e do surgimento da burguesia, há uma ruptura do artista e do artesão. Os artistas passam a ser financiado em suas produções, passando a assinar suas obras, daí temos o surgimento de vários estudos e períodos artísticos com seus determinados artistas. Mas ainda o artista exerce a função de perpetuar os fatos, reproduz imagens da vida cotidiana das cidades, produz retratos das pessoas ilustres que comandam a mesmas, retratando modos e costumes. Mas há também, artistas voltados apenas a seus estudos de luz e sombras, não se importando com os acontecimentos da vida em volta de si. Estes artistas muitas vezes pertencem à aristocracia, produzem suas obras como representação do belo ou de seus próprios interesses não tendo nenhum comprometimento com a sociedade em que está inserido.
Outros artistas questionam o mundo industrializado, as guerras que dizimam nações, angustia que sufocam a sociedade e a si próprios.
Com o surgimento da fotografia é dada a liberdade aos artistas, a eles não cabe mais o retrato destas sociedades. E o artista volta para si, fala de si próprio. Muitas vezes, sem preocupar-se com os possíveis destinos de sua obra.
Hoje temos vários artistas contemporâneos que ainda discutem temas como os avanços da tecnologia e os problemas que isso causa à sociedade, como problemas do meio ambiente, as tentativas de sobrepujar povos menos favorecidos e a ganância de poucos em tentar dominar e ter somente para si as riquezas de determinado local. Como também questões mais subjetivas, numa busca constante de tentar satisfazer seus próprios anseios. Como problemas que estes artistas possam ter tido em suas infâncias, e tentando, ate hoje, suprimir estes traumas, trabalhando como defensores de causas dos direitos da humanidade. Outros artistas estão voltados mais ao mercado das artes, fazem do meio artístico um trampolim para objetivo capitalista e de interesses próprios, sem nenhum compromisso com a função questionadora das artes.
Será que a arte só pode existir quando útil para a sociedade, comprometida com as causas sociais, mas o que seria esta arte comprometida socialmente?
Podemos dizer que arte comprometida seria uma produção voltada às questões sociais, onde o artista expõe seu ponto de vista aos acontecimentos que o rodeiam. O artista se põe em um papel de formador da opinião publica, ele questiona a todo o momento, através de suas obras, como é a vida desta sociedade em que vivemos, se este modo é o melhor ou se há outros caminhos.
Platão questionava a funcionalidade da arte, para ele a arte era menor que a filosofia, pois criava imitações da realidade e por isso não tinha um valor para a sociedade grega, enquanto, a filosofia habitava o mundo das idéias, onde tudo era originalmente criado.
A função utilitária da arte já é questionada desde então, para os gregos toda a arte tinha que ter uma finalidade pratica. Um artesão era contratado para produzir objetos que tivessem um motivo de sua existência.
Mas o que podemos dizer do designer, dos artistas gráficos e outros, eles não produzem objetos com um fim social, eles produzem objetos que são utilizados no cotidiano, são pensados e projetados para facilitarem a vida das pessoas. Existe por trás destes objetos todo um estudo, projetos que vão desde o esboço ou desenho a estudos matemáticos, físicos e dinâmicos para sua utilização. Estes seriam os artesões da contemporaneidade, que produzem obras que tenha finalidades a vida humana, e porque estes trabalhos não são considerados objetos de arte?
Por que o artista deixa de ter uma função de representar o mundo e passa a falar das questões mais subjetivas, e por que a arte deixa de ser necessária?
Se pensarmos no momento em que o artista perde sua função de ilustrador da historia e passa a servir um mercado de consumidores formado de grupos extremamente fechados, entendemos a visão da arte atual, a visão seletista da arte que atende apenas a elite de uma sociedade. Pessoas mais abastadas que tem como investir em meios de cultura voltando à arte e as outras manifestações apenas a estes grupos.
O que alguns grupos começam a sugerir e a questionar, é que a arte passe a ser acessível a todos as camadas da sociedade. Mas a educação destas faz, com que se interessem mais por algumas manifestações de, muitas vezes, níveis inferiores a que são produzidas para as camadas mais altas da mesma sociedade. O que torna mais difícil a construção de caminhos para que cheguemos a uma democratização da arte.
Pensando em arte de nível inferior, me veio a idéia do que seria ela. Bom, na verdade um amigo que leu este texto me perguntou o que seria uma arte inferior, será que aquela feita com menos recursos, será que arte inferior é aquela feita por pessoas menos capacitadas ou pra aquelas advindas de zonas mais carentes da sociedade mas, tudo não é arte?. Essas perguntas que este meu amigo me fez me fizeram pensar por algum tempo...
Por algum motivo, me veio a cabeça o “Circo Du Solei” e uma comparação entre os circos que geralmente vamos, um se paga de duzentos reais pra cima, outro três, no máximo uns vinte reais...
Fiquei pensando sobre isso, as pessoas que tem mais dinheiro vão ao Circo du Solei, as que têm menos vão, quando tem oportunidades aos mais acessíveis. Porque?
Daí me veio um monte de por quês...
Porque grandes empresas investem mais em espetáculos grandes como estes? Por que as pessoas de menor renda se contentam com espetáculos menores?
Menor aqui, não diz respeito à quantidade disso ou daquilo, e sim de qualidade.
Vivemos em um mundo capitalista e infelizmente isso influencia nas construções da cultura em geral.
Responder se tudo é ou não é arte, é uma tarefa difícil. Se tudo é, tudo também deixa de ser. E ai vamos ficar rodando nesta discussão por um bom tempo. Vamos precisar de um tempo muito grande e de vários momentos de conversa e reflexões...
“...por trás de nossa tagarelice cotidiana paira o silencio... as grandes coisas exigem silencio ou que delas falemos com grandeza...”
“Sobre a Arte e a arte” Gleberson Agricio Barbosa
O que seria este silencio que paira por trás de todas as coisas que fazemos ou pensamos?
Para alguns o silencio é algo tão assustador quanto o escuro. O silencio é esmagador, e temos medo do que possa acontecer logo após. Hoje sumiu o avião que tinha destino para a França. Nos noticiários dizia-se que a ultima comunicação da aeronave com a torre de comando foi que havia uma pane elétrica na mesma, outras noticias era a de um passageiro que dizia estar com medo. Depois disso houve silencio, todos estão à espera de noticias, a França e o Brasil fazem buscas por mar, mas ninguém sabe o que aconteceu. Como pode um avião com mais de duzentos passageiros simplesmente sumir?
O silencio aqui nos parece algo totalmente assustador, imagine as pessoas que têm familiares ou amigos neste avião. Imagine se estes passageiros estão a deriva esperando por socorro, o que é este silencio?
Para outras pessoas silencio pode ser a fonte inspiratória.
Há alguns dias, estava eu lendo uma revista semanária de São Paulo, onde se dizia do silencio criador, o estar sem fazer ou exercer nada, andar pela cidade, sem pensar em nada. Foi dado a este exercício o nome de ócio criativo, quando o artista se põe em silencio para criar.
Há diferenças então no modo de pensar sobre os significados do SILENCIO, há o silencio pedido em hospitais, a o silencio de concentração como há vários outros tipos de silencio, então que silencio o escritor nos sugere?
É um silencio das nossas ações, é se por em estado de reflexão para que nosso espírito possa falar por, e através de nós. No silencio onde todas as nossas angústias são visitadas e a partir delas questionamentos são formados e o nosso modo de pensar e agir são transformados em fazer. Um fazer que parte do estado de silencio.
Mas o que o silêncio tem a ver com a arte?
Acredito eu, que os artistas antes de compor suas obras, se fizeram instrumento do silencio criador, deixaram que este silencio agisse neles, observaram o mundo em silencio, puseram suas angustias a prova e de seus questionamentos repensaram o mundo e o recriaram através da materialização de seus pensamentos.
Pensar em arte como o ato de tornar o feio em algo suportável, talvez venha deste processo de ressignificar através do fazer artístico por meio do exercício silencioso de repensar o mundo.
O artista torna seus questionamentos em um objeto que é destrinchado pelos críticos e historiadores, ele é movido por uma força de pensar e de fazer que seja depois estudado e decomposto pela historia, pondo um abismo entre as duas, arte e historia.
Mas apesar dos distanciamentos existentes entre as duas faculdades do pensar humano onde, uma se propõe no fazer, no ressignificar, no repensar e a outra se reserva o visitar e revisitar discutindo técnicas e motivos do fazer. As duas andam juntas quando pensamos em visitar artistas passados de nossa historia, dando assim o estudo da Historia da Arte, onde a Historia vem estudar e questionar momentos desses artistas. E assim podemos trazer para os dias atuais idéias que moveram o mundo bem antes de sonharmos estarmos aqui.
Experiências com arte
Eu e alguns amigos montamos um grupo de professores de arte, pra discutirmos coisas referentes ao tema "arte-Educação”.
Eu e minha amiga ficamos um bom tempo imaginando como poderíamos iniciar essas discussões, pegamos livros, buscamos no google e um monte de outras coisas, eu tenho um livro sobre Van Gogh e neste livro esta escrito um a frase de uma das cartas que o Van Gogh enviou para seu irmão THEO.
“As emoções são às vezes tão forte que trabalho sem saber que estou trabalhando" a frase é mais ou menos isso, ai, começamos a pensar em desenvolver uma dinâmica em cima desta frase de Van Gogh.
Pensamos mais um pouco em como poderia ser esta dinâmica...
No fim resolvemos que íamos confeccionar viseiras, aquela usada por cavalos que limitam a visão e ele só enxerga o que esta a sua frente (eu não sei o nome disso). O processo é simples duas folhas de sulfite bastam (meu amigo conseguiu montar com apenas uma).
Escolhemos também uma musica de Tchaicovisk. Era isso.
No dia um dos membros do grupo leu um texto que ele havia escrito sobre "a caixa de sapatos”
Logo depois a Ceci sugeriu a brincadeira. Todos se prontificaram a fazer, participaram nesse dia também dois outros professores, um de biologia e a outra de português. E tínhamos um não Professor (ele é da área empresarial). Todos confeccionaram as viseiras, quando todos tínhamos acabado, a Ceci pos a musica para tocar e ai nós tínhamos que nos movimentar pelo espaço da sala, com cuidado para não batermos uns nos outros. Apos alguns minutos nos começamos a andar em círculos, um atrás do outro, e eu que tentei fazer outro caminho acabei ficando fora do que eles estavam fazendo. A Ceci interrompeu a musica e então falou pra que nos disséssemos o que havia acontecido. Todos disseram muitas coisas
Mas o mais importante foi à situação que cada um se achou: enquanto a musica propunha que pulássemos, dançássemos e fizéssemos outros movimentos, o medo de bater ou derrubar o outro era maior e foi o que fez todos andarem em círculos com receio de inovar.
Ficamos limitados aquele espaço e que m tentou fugir do que estava acontecendo e propor outros caminhos ficou de fora.
A pergunta é E ai?
Como fazer pra que o ensino se renove? Será que temos medo desta renovação? Será que estamos preparados para que ela aconteça? Porque que quando alguém tenta ser diferente ele fica de fora?
Qual a função do professor na sociedade atual?
O professor é mediador de um processo para que o aluno se liberte da viseira ou ele só indica o caminho a seguir?
Estamos novamente nos questionamento que o artista faz diante da sociedade em suas obras, este é ou existem outros caminhos?
Pensando em caminhos a artista Ligia Clarck com sua Fita de Moebius, sugere que pensemos nestes caminhos.
Sugerimos que algumas pessoas reproduzissem a obra e falasse sobre ela. Algumas apresentaram mais facilidades em refazê-la outras nem tanto assim. O exercício consistia em refazer a fita, percorrer o caminho com uma caneta hidrocor, e depois recortar a fita como quisesse.
Algumas pessoas, não conhecia esta obra, nem a artista e acharam interessante a proposta, outras não entenderam o objetivo.

Para muitas pessoas a arte ainda é vista como representação do belo, e não entendem os questionamentos propostos pela própria obra. Hoje a arte contemporânea é tida muitas vezes como uma obra de difícil entendimento por que a sociedade ainda pensa em arte como algo bonito que conta uma historia. Mas a arte contemporânea esta alem desses conceitos que já estão arraigados a sociedade. A todo o momento ela nos sugere um novo olhar sobre as praticas cotidiana. Um olhar que é construído a partir de todo o nosso repertorio, de tudo aquilo que tivemos acessos através da nossa capacidade de enxergar, de experimentar de viver e que nos constitui como pessoas, e que a todo o momento nos questiona sobre o nosso modo de compor este mesmo repertorio.

REVISITANDO ALGUNS TEXTOS^^

Resumo
O presente trabalho trata sobre as questões relacionadas à arte e à juventude. Que relações são essas e de maneira elas acontecem. Alguns dos textos analisados fazem parte dos debates que aconteceram no ano de 2008 nas conferencias de juventude, também outros textos foram usados na pesquisa como Helena Wendel Abramo e outros autores que tratam da temática. Mas, apesar de termos vários estudos sobre juventude, ainda é pouco o material que fala sobre a produção artística- cultural dessa parcela da sociedade. O trabalho aqui não esgota o tema, visto que é preciso tempo e pesquisa que se aprofunde mais no mesmo, então por enquanto, faremos uma breve analise de alguns documentos e algumas considerações e quem sabe num futuro não muito distante, possamos realizar de fato uma pesquisa que aponte caminhos sobre a produção artístico- cultural desses jovens e como de fato torná-los visíveis.
Palavras Chaves: produção artístico- cultural, juventude


Como tornar visível a produção de jovens artistas?

Antes de pensarmos na produção desses artistas, temos que pensar nos contextos em que a juventude é formada. Falar de juventude no singular seria um erro já que existem diversas formas de ser jovem, cor, raça, religião, a classe social em que estes estão inseridos, entre outras. Talvez a única característica que podemos dizer que é comum a todos é a questão da idade. Hoje, no Brasil, são consideradas jovens as pessoas que tem entre quinze e vinte e nove anos e são para essas pessoas que são voltados diversos projetos dos governos no que diz respeito à juventude.

A juventude é marcada por transformações tanto corporais, quanto de comportamento e de colocação na sociedade. É hora de trabalhar, de estudar e muitas vezes de se constituir uma família. E é na questão do comportamento que fervem as discussões sobre juventude em diversos seguimentos, sejam eles políticos, educacionais ou sociais.

Os jovens sempre foram vistos como problemas da sociedade, por suas características de questionar e querer mudar a realidade em que se encontra. Sempre que ouvimos falar de juventude, ouvimos sobre os desvios de comportamento, das transgressões às ordens sociais, da gravidez na adolescência, do consumo de entorpecentes, etc. Sendo que o grande problema é na verdade a falta de oportunidades que esses muitas vezes encontram, seja a falta de acessos aos serviços públicos (saúde, educação, lazer, cultura) de qualidade ou mesmo a falta de oportunidades de colocação no mercado de trabalho.

O ingresso dos jovens no mercado de trabalho se da de maneira complicada, pois esses se encontram totalmente desqualificados para o mesmo. E se de um lado faltam vagas para captar essa parcela da sociedade de outro faltam incentivos para que estes se profissionalizem.
As políticas publicas voltadas para a juventude sempre são de caráter assistencialista que tratam desses jovens como parte fragilizada ou de riscos para a sociedade. Essas políticas tendem somente ao afastamento desses de áreas marginalizadas visando diminuir o numero de jovens que consomem algum tipo de droga ou que estão em vias de entrar na vida do submundo. O que de fato não resolve o problema da maioria dos casos, pois esses projetos não se aprofundam nas dificuldades vividas por eles e não vão à raiz, onde tudo acontece.

A mídia vem por outro caminho. Formatando esses jovens para o consumismo sem se preocupar com as realidades vividas por esses. Tratando tudo numa superficialidade confortável, sem aprofundar debates que são essenciais na vida desses jovens. Criando uma juventude totalmente apática ao mundo, sem perspectivas de mudanças e acomodados em suas situações cotidianas.
Mas, a cada dia, cresce o numero de jovens que não se conformam com essa realidade. Devido as suas características questionadoras do mundo e a vontade de mudar o mesmo, remam contra essa maré, e discutem as políticas que são voltadas a eles. Buscam meios de mudar realidades em que se encontram, que se organizam em grupos e levam as discussões mais a fundo. Encontrando em suas próprias linguagens, meios de aprofundar esses debates.


É possível encontrar esses jovens nas escolas reunidos em grêmios, grupos de dança, teatro, de estudos e outros. E estes fazem parte de outros grupos de juventude partidária, de debates, de ONGs. Que desde a formação mais simples, falam de problemas vividos e tentam resolve-los. Levando esses debates aos conselhos de juventude que entrarão em contato com os órgãos governacionais para por em pratica os projetos que melhor atendam as necessidades da juventude.

Um exemplo disso foi a I Conferencia Nacional de Juventude, realizada na cidade de Brasília-DF em abril de 2008. Tendo por base, as questões tratadas nas conferencias livres, realizadas por diversos grupos de juventudes nos municípios, questões essas que foram analisadas e debatidas pelas conferencias regionais. As conferencias estaduais discutiram as propostas levantadas e encaminharam as que melhor se encaixavam as necessidades de cada Estado para a Conferencia Nacional, que por fim, mapeou as resoluções e selecionou através de debates e votações as propostas a serem levadas aos governos para que estes pusessem em pratica os projetos propostos pelas juventudes de acordo com as necessidades de cada seguimento (cultura, meio ambiente, igualdade de gênero, juventude do campo etc.).

Aqui faremos uma breve analise de alguns desses documentos, que nos nortearão em algumas idéias.

“... dentro de cada um de nós pode existir um Van Gogh, uma Tarsila do Amaral...Talento pra alguma coisa todo mundo tem. O problema é oportunidade para que essa habilidade se desenvolva e seja reconhecida na família, na escola e na comunidade.
O artigo 23 da Constituição Federal de 1988, diz que é dever do poder publico garantir o acesso à cultura. E não é só isso: a emenda numero 48, de 2005, no artigo 215, garante à defesa, a valorização do patrimônio cultural brasileiro, a promoção e a difusão de bens culturais, a democratização do acesso aos bens de cultura e a valorização da diversidade étnica e regional...”1
O acesso a cultura é um direito garantido na Constituição Federal e em outros diversos documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (art. 22) assegurando que todos nós tenhamos à participação livre na vida cultural da comunidade em que vivemos. Porem, como já vimos, falta reconhecimento e oportunidades para que possamos desenvolver e aperfeiçoar nossa produção artistico-cultural, que devem fazer parte da formação de cada indivíduo, sendo dever do Estado garantir que essa formação aconteça.

Muitas vezes, a falta de investimento nas produções artistico-cultural põem em xeque a identidade das comunidades, fazendo com que se perca nosso patrimônio histórico, artístico e cultural principalmente nas regiões mais carentes e no que diz respeito à manutenção de tradições regionais. Por exemplo, temos o Moçambique na região Sudeste que vem se perdendo devido à falta de transmissão cultural. Moçambique é uma manifestação folclórica cultural celebrada durante a Folia de Reis que por falta da participação dos jovens vai rareando nas comunidades.

Segundo o Instituto Cidadania2, em pesquisa realizada em 2003, 87% dos jovens de 15 a 24 anos de idade que moram nas cidades e 95% dos que moram no campo nunca participaram de projetos culturais promovidos pelo governo ou por ONGs. 59% dos jovens afirmaram nunca ter participado de atividades culturais realizadas em escolas nos fins de semana. E 58% nunca freqüentaram shows ou outras atividades culturais em espaços públicos.

Os gastos públicos em cultura em 2003 representaram 0,2% do total das despesas dos governos Federal, Estaduais e Municipais. Investimento foi maior nos Municípios: 1% do total dos gastos. Nos Estados, o percentual foi de 0,4% e no governo Federal o investimento em Cultura ficou em 0,03% do total do orçamento (IBGE, 2003).

Esses dados mostram que o investimento em Cultura ainda é muito pequeno diante da imensidão de jovens que não tem acesso a meios difusores culturais. Também ínfimo se avaliarmos a diversidade cultural em nosso país.

A importância da Cultura na formação da Juventude.

“A arte ensina justamente a desprender os princípios do obvio que é atribuído aos objetos, as coisas. Ela parece esmiuçar o funcionamento das coisas da vida, desafiando-as, criando para elas novas possibilidades. Ela pede um olhar curioso, livre de pré-conceitos, mas cheio de atenção. Os jovens já tem essa disponibilidade mas é preciso estimular seu convívio com a arte para facilitar e aprimorar essa percepção.”3

“A Arte como expressão pessoal e com cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual. Por meio da arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade critica, permitindo ao individuo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.” 4

Com os avanços do capitalismo, do mercado de consumo em alta, da facilidade de informações, onde basta acessar a rede internacional de computadores para se ter todo os tipos de informações possíveis, e que muitas vezes são mascaradas e usadas para fins prejudiciais aos consumidores desses serviços, tem tornado a juventude uma fonte inacabável de especulações e possibilidades de se criar cidadãos totalmente induzíveis ao erro e que não se contrapõem a essas praticas. A Internet hoje é muitas vezes usada de formas a propagar a violência e o terror na sociedade, justamente pela facilidade de ser criar perfis falsos, onde o usuário não se responsabiliza pelos seus próprios atos.

A juventude tem se tornado extremamente egoísta e com uma visão pequena do mundo em que vive. Não se importando com o retorno de suas ações, imediatistas, tudo tem que acontecer no mesmo momento em que se pede, em que se deseja. Moldados pelas razoes capitalistas, onde somente dinheiro pode resolver as coisas, pelo avanço da tecnologia e sua rapidez em reproduzir o que se pede. Totalmente alienada ao mundo, formatados pelos modelos teens televisivos.

Fazer com que essa juventude se desprenda dos valores e se liberte de seus pré- conceitos, só é possível através da arte quando esta serve de ferramenta da mudança social por suas imensas possibilidades através de suas diversas linguagens. Mas a falta de incentivo e de interesse no assunto por parte dos governos tem tornado cada vez mais difíceis as ações de arte- educadores em buscar meios de transformar a situação em que esses jovens se encontram.

As formatações do ensino da arte nas escolas contribuem para a continuidade dos processos em que os jovens se encontram, pois não é criado um espaço para que estes se expressem da forma que escolherem e, os professores por terem de dar conta dos conteúdos não se preparam para outras formas de ensinar, e as aulas passam a ser cansativas tanto para os alunos quanto para os próprios professores, e assim cada vez mais perdemos um espaço que poderia ser usado para se produzir e contextualizar ações artísticas e formar cidadãos cada vez mais conscientes de seu papel na sociedade em que vivemos.

“Arte nos torna responsáveis”, entrevista de Leandro Firmino da Hora, ator e vice presidente da ONG Nós do cinema à jornalista Cristiane BAllerini (Onda jovem 03).5

Qual é a relação da juventude com as manifestações culturais hoje? Ela aparece mais como produtora ou consumidora?

O que é necessário para que os artistas e grupos culturais juvenis tenham mais espaço?
Estas são duas perguntas propostas no Caderno do participante Gt. Cultura, e que estão de acordo com o que estamos analisando aqui.

Neste ano ouvimos muito sobre jovens artistas em exposições promovidas por grandes empresas privadas, mas esses ditos “jovens” são pessoas que estão a entrando no cenário artístico agora, mas não são jovens de fato, quando falamos jovens estamos pensando na faixa etária considerada para ela (entre os quinze e vinte nove anos). Então onde esta a produção dos jovens artistas brasileiros? Com certeza em alguns poucos espaços, onde a mídia não alcança, onde pais e outros não aprovam, pois infelizmente a idéia de ser artista não é bem aceita pela maioria das pessoas.
Então, como tornar visível as produções desses jovens artistas?

Podemos dizer que primeiro ha a necessidade de reconhecimento da família na produção de seus filhos, e não só o reconhecimento, mas também, o incentivo para que estes não desistam. A escola pode ser uma grande aliada neste processo. Discutindo e analisando obras e propondo que os alunos produzam suas próprias expressões artísticas. Mas somente isso não dá conta de tornar visível às ações artísticas dos alunos/ jovens. É necessário que essas ações sejam levadas a diante, que haja a difusão da arte entre os municípios, através de mostras culturais, de intercambio cultural, salões de artes, programas de TV e outros que visem mostrar a população desses locais que seus jovens produzem meios de cultura e que se expressam através das artes. Para que estes mesmos jovens não sejam mais vistos como problemas sociais, mas aqueles que trazem um próprio modo de se expressar, que são criativos e críticos, que discutem a situação em que se encontram e não sejam apenas copias do que a TV mostra, que possam mudar realidades através da capacidade de produzir e questionar soluções para o mundo em que esta inserido.

Referencias Bibliográficas
ABRAMO, Helena Wendel. “Considerações sobre a tematização da Juventude no Brasil”. Departamento de Sociologia, Universidade de São Paulo (USP). Revista Brasileira de Educação, 1997.
BARBOSA, Ana Mae. Inquietações do ensino da Arte. São Paulo: Cortez Editora, 2002
CUÉLLAR, Javier Perez de. Nossa Diversidade Criadora- Relatório Mundial de Cultura e desenvolvimento. Campinas: Papirus editora 1997.
DAYRELL, Juarez. “Juventude, grupos culturais e sociabilidade.” JOVENes Revista sobre estudos da Juventude, ano 9 numero 22, México junho de 2005.
FARIAS, Aguinaldo. Arte Brasileira Hoje. São Paulo: Publifolla, 2002
PESCUMA, Derna. Projeto de Pesquisa- O que é e como fazer? São Paulo: Olho d’água, 2005.
Caderno do Participante- GT Cultura – I conferencia Nacional de Juventude. Brasília DF abril de 2008.
Figuras: acervo pessoal.
1(Caderno do participante GT (grupo de trabalho) Cultura, pagina 03 e 06)
2(OP. CIT pagina 07)
3“A Pulsação do nosso Tempo”, artigo de Kátia Caton, curadora de arte do Museu de Arte Contemporânea da USP (Onda Jovem, 03) OP. CIT. Pagina 12)
4 BARBOSA, Ana Mae. Inquietações do ensino da Arte (pagina 18)
5 Caderno do Participante GT Cultura, página 13

sexta-feira, 7 de março de 2014

ideias

Durante o Curso "Descubra a Orquestra na Sala São Paulo", tínhamos de criar ou adaptar um jogo para trabalhar com as propriedades do som, os instrumentos da orquestra e paisagens sonoras. Um grupo fez uma adaptação muito interessante do jogo da Estrela "TAPA CERTO". Como o jogo era musical, elas pegaram vários sons e gravaram em um CD, esses sons elas conseguiram em sites ou em livros como os que eu já citei por aqui. Imprimiram imagens dos objetos, animais, instrumentos musicais e outros e montaram fichas de mais ou menos 5X5cm, plastificaram com aquele plastico adesivo. O jogo é em  grupo de 4 a 6 crianças. Cada uma com uma mãozinha do jogo original (ficamos pensando se há a possibilidade de confeccioná-las com réguas e ventosas) tinham de dar um tapa ma figura que representava o som ouvido. Por a mãozinha ter uma ventosa a carta ou ficha fica presa, vence quem mais conseguir cartas. 
Quero muito fazer um pra mim^^

Exemplos de cartelas




outras coisas sobre o bingo musical

Bingo 

Faixa etária: acima de 5 anos.
Numero de jogadores: acima de 5.

Material
Cartelas com figuras diversas
Bingo com bolinhas numeradas (se o professor achar necessário).
CD com sons diversos representados nas figuras.
Aparelho de som com leitor de CD ou pen drive.
Marcadores que podem ser pedacinhos de E.V.A., tampinhas de garrafa ou outros, observando a idade das crianças e o tamanho dos materiais usados como marcadores para que não ocorram acidentes.

Como jogar
É interessante que haja uma conversa prévia com os alunos sobre os sons, suas características e propriedades, como também é importante que os alunos conheçam os sons que serão trabalhados no jogo.
Cada participante ganhará uma cartela com figuras.
Observe as figuras e tente imitar o som de cada uma.
O professor sorteará os sons com uma bolinha numerada por vez e colocará o som do cd correspondente ao número que foi sorteado. Também poderá usar outro critério para sorteios, adaptando as condições que se apresentarem.
Os jogadores deverão ouvir o som e marcar com um pedacinho de E.V.A. ou tampinha de garrafa a gravura, de acordo com o som ouvido no CD, obedecendo a sequência.

Regras do jogo
Pode ser jogado por várias crianças ao mesmo tempo. Inicialmente será jogado com uma cartela de cada vez. As demais serão incluídas à medida que o professor quieira dificultar o jogo. Ganha quem fizer a associação correta entre som e gravura preenchendo a cartela primeiro. Poderá haver vários ganhadores.

Variação
É interessante que o jogo se repita e que em cada oportunidade o professor inclua uma cartela diferente, até que a criança consiga jogar com várias cartelas ao mesmo tempo. O professor também poderá criar cartelas com sons somente da orquestra, paisagens sonoras ou animais , entre outros.

Objetivos
Levar o aluno a:
Identificar diversos sons;
Diferenciar timbres;
Estimular a atenção e concentração.



Juliana Bertoglia
Lilian Timóteo
Érica Perissoto
Gildete Alencar
Elaine Luísa


quinta-feira, 6 de março de 2014

Verbas da EJA

EJA
Informamos que os recursos, deverão ser aplicados exclusivamente em despesas para a manutenção e desenvolvimento das novas turmas de EJA, de acordo com o que estabelece o Art. 70 da Lei nº 9.394/1996 (LDB):

I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação;

II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino;

III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;

IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;

V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino;

VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;

VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo;

VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar.

É necessário observar também o artigo 22 da Lei 11.494/2007 (Lei do Fundeb):

Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursos anuais totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública.

Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se:

I - remuneração: o total de pagamentos devidos aos profissionais do magistério da educação, em decorrência do efetivo exercício em cargo, emprego ou função, integrantes da estrutura, quadro ou tabela de servidores do Estado, Distrito Federal ou Município, conforme o caso, inclusive os encargos sociais incidentes;

II - profissionais do magistério da educação: docentes, profissionais que oferecem suporte pedagógico direto ao exercício da docência: direção ou administração escolar, planejamento, inspeção, supervisão, orientação educacional e coordenação pedagógica;

III - efetivo exercício: atuação efetiva no desempenho das atividades de magistério previstas no inciso II deste parágrafo associada à sua regular vinculação contratual, temporária ou estatutária, com o ente governamental que o remunera, não sendo descaracterizado por eventuais afastamentos temporários previstos em lei, com ônus para o empregador, que não impliquem rompimento da relação jurídica existente.

PS: não está estabelecido o percentual de aplicação de recursos em cada um dos itens financiáveis. Competirá ao responsável local, juntamente com o Conselho, definir sobre a melhor forma de aplicação dos recursos, de modo a contemplar as necessidades reais da oferta de educação na modalidade EJA para as novas turmas.

Caso persistam dúvidas sobre a utilização de recursos ou até mesmo sobre a legislação vigente, sugerimos: Entrar em contato com o setor financeiro e jurídico da sua Secretaria, responsável maior pelo conhecimento e administração dos recursos financeiros repassados ao município, bem como, entrar em contato com o FNDE apresentando as dúvidas referentes à utilização do recurso.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Uma ideia de jogo (não sei se daria certo, ainda não testei...)


Trilha sonora

• A trilha (tabuleiro) é feita a partir de uma partitura real possibilitando aos alunos conhecerem a musica escrita ou mesmo executa-la.
• Pretende- se com o jogo trabalha a teoria musical, propriedades sonoras, paisagens sonoras, vida e obra de compositores.
• Joga- se usando um dado de seis lados (D6) andando com marcadores pelas casas da trilha.
• Todas as figuras de valores positivos e negativos são consideradas as casas da trilha.
1. Figura de valor positivo (onde há som) terá uma carta contendo uma questão sobre teoria musical, propriedades sonoras, vida de obra de compositores.
2. Figuras de valor negativo terão uma carta desafio sobre paisagens sonoras, ou um enigma musical.
• Ligaduras serão os atalhos, levando o jogador para a próxima casa.
• Ritornelos – a primeira vez, o jogador deverá voltar a casa indicada pelo ritornelo, na segunda vez, o jogador avança para casa seguinte.
• Vence quem chegar a ultima casa do jogo.
• As cartas das figuras com valor positivo receberão nome das notas, a carta que o jogador irá responde terá o nome da casa onde ele parou. Ex. se o jogador parar na casa da segunda linha de uma trilha feita a partir de uma partitura em clave se sol, a carta que ele pegará será a carta SOL.

Exemplos de cartas questões

• A figura inicial de uma partitura é a ____________, ela poderá ser de SOL, de FÁ ou de DÓ e serve para indicar a altura a ser tocada. (clave).
• A divisão de um compasso é definida por uma __________ . (fração)
• Metrono é um aparelho usado para que em musica?
a) Medir o tempo
b) Dizer as notas
c) Afinar o instrumento

Exemplo de carta desafio
• Usando o corpo, crie os sons de uma tempestade.
• Usando objetos a sua volta e o próprio corpo crie os sons da cidade.

só uma ideia, falta por em pratica e ver se da certo!

Bingo Sonoro

Esse foi um jogo criado em grupo para o curso Descubra a Orquestra na Sala São Paulo no segundo semestre de 2013.





ATIVIDADE 3 – JOGOS MUSICAIS
Nome do jogo
                     Bingo Sonoro
Número de jogadores
                     Acima de 5
Faixa etária a que o jogo se destina
                     7 aos 10 anos (legal também para alunos da EJA)
Conteúdos trabalhados no jogo
Timbre, percepção sonora.
Material que faz parte do jogo
Cartelas de bingo, CD contendo os sons para o jogo, cartela contendo todas as figuras para marcação dos sons já sorteados.
Como jogar
Primeiro é importante que os jogadores conheçam os sons que fazem parte do jogo.
Distribuir uma cartela para cada jogador, o professor poderá escolher a forma de sorteio dos sons e a cada novo som os alunos deverão marcar em suas cartelas esse som (caso conste na mesma) com caneta, feijão, tampinha de garrafa, etc. e o professor deve marcar em sua cartela de todos os sons para confirmação posterior ao vencedor.
Vence aquele que marcar todos os sons de sua cartela. É bom lembrar que crianças pequenas tem o costume de por objetos pequenos no nariz e ouvido, então tenha cuidado!
Premiação fica a critério do professor.
Nome dos integrantes do grupo
Juliana Bertoglia
Lilian Timóteo
Érica Perissoto
Gildete Alencar
Elaine Luísa


Todo o jogo foi montado usando o Word e o Paint, as imagens foram retiradas da Internet.

Ainda não sei como postar sons, então infelizmente não será possível coloca- los aqui, mas no final do post vão algumas sugestões de livros que vem com CDs contendo os sons que podem ser utilizados na confecção do Bingo Sonoro.

dica: Imprimir as cartelas em papel mais encorpado como conson ou outro, mas que não tenha plastico na composição como o papel colchê (acho que é assim que se escreve, kkk) e plastificar, garante uma vida útil maior as cartelas e as crianças podem marcar com uma caneta de escrever em CD, é só passar um paninho com álcool depois...

Livros sobre musica que vem junto CDs que podem ser usados na confecção do jogo:
- Música para criança Ed. Ciranda Cultural
- A orquestra tim tim por tim tim Ed. Moderna
-Jogando com os sons e brincando com a musica ED. Paulinas

Outros livros bem legais para se trabalhar com musica em sala de aula
- Desvendando a orquestra Livraria saraiva
-Brasil seculo XX: ao pé da letra e da canção popular Ed. Nova Didatica
- Musica Ed. Escala educacional
- Musica Africana na sala de aula Ed. Duna Dueto
- Lenga la lenga: jogo de copos e mãos ED. Ciranda Cultural
- Canteiro: musica para brincar Ed. Anglo
-Coleção Folha Musica para crianças